Exército divulga nota para contrapor livro sobre a ditadura
Em nota divulgada após reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, afirma que “a Lei da Anistia, por ser parâmetro de conciliação, produziu a indispensável concórdia de toda a sociedade, até porque
Publicado 01/09/2007 11:47
O general explica, na abertura da nota, ter reunido o Alto-Comando do Exército para “tratar de assuntos de interesse da Força e de fatos recentemente divulgados pela mídia”. Esta semana, o governo federal lançou o livro Direito à Memória e à Verdade, resultado de 11 anos de trabalho da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que recupera a história de 479 militantes políticos, que foram vítimas da ditadura militar no Brasil.
Após o lançamento do livro, o jurista Fábio Konder Comparato afirmou, em entrevista à Agência Brasil, que as pessoas que sabem onde estão os corpos de desaparecidos políticos da época do regime militar continuam praticando o que se chama de “crime continuado”, apesar da Lei de Anistia aprovada em 1979.
E depois de afirmar que “não há Exércitos distintos”, conclui: “Estamos voltados para o futuro e seguimos trabalhando, incansavelmente, pela construção de um Brasil mais justo, mais fraterno e mais próspero”.
É a seguinte a íntegra da nota:
“1. Reuni o Alto-Comando do Exército, em Brasília, no dia 31 de agosto de 2007, para tratar de assuntos de interesse da Força e de fatos recentemente divulgados pela mídia. Com a sua concordância unânime, decidi reafirmar que:
– o Exército Brasileiro, voltado para suas missões constitucionais, conquistou os mais elevados índices de confiança e de credibilidade junto ao povo brasileiro:
– os Comandantes, em todos os níveis, ensinam, diuturnamente, em nossos quartéis, os valores da hierarquia, da disciplina e da lealdade, os quais têm sido cultuados como orientadores da ação permanente da Força;
– a Lei da Anistia, por ser parâmetro de conciliação, produziu a indispensável concórdia de toda a sociedade, até porque fatos históricos têm diferentes interpretações, dependendo da ótica de seus protagonistas. Colocá-la em questão importa em retrocesso à paz e à harmonia nacionais, já alcançadas.
2. Reitero aos meus comandados que:
– não há Exércitos distintos. Ao longo da História, temos sido sempre o mesmo Exército de Caxias, referência em termos de ética e de moral, alinhado com os legítimos anseios da sociedade brasileira;
– estamos voltados para o futuro e seguimos trabalhando, incansavelmente, pela construção de um Brasil mais justo, mais fraterno e mais próspero.”
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