Berzoini: Congresso do PT frustrou quem apostava em desagregação

Para ele, o grau de unidade obtido “não é pouca coisa” para um partido tão heterogêneo como o PT. “Nós conseguimos isso através de um diálogo interno de muito respeito às posições divergentes”, justificou.

O dirigente petista sintetizou, com esta afirmação, a avaliação que a maioria dos participantes do congresso fez do evento: a de que a anunciada disputa intestina entre tendências partidárias não aconteceu e os sucessivos acordos aceitos pelo grupo majoritário ''Construindo um novo Brasil'' –representado por cerca de 50% dos delegados ao congresso– com as demais tendências criou um clima de ''unidade'' que, embora possa ser momentâneo ou até mesmo artificial, acabou diluindo e enfraquecendo a disputa das teses.

O esperado embate político entre o ex-Campo Majoritário e o grupo liderado pelo ministro Tarso Genro, que apresentou a tese ''Mensagem ao Partido'', também se diliu.

O CNB aceitou acatar formulações e emendas da ''Mensagem'' e costurou acordos até mesmo com as tendências mais radicais do partido, como o grupo trotskista O Trabalho.

Nos corredores do congresso ouvia-se comentários de que este foi um congresso ''chocho'' se comparado com os acirrados embates ocorridos em outros eventos petistas do mesmo porte.

PED antecipado

Em conversa com jornalistas, Berzoini também falou da antecipação do PED (Processo de Eleição Direta), que elege as direções do PT em seus diversos níveis (zonal, municipal, estadual e nacional).

A proposta, defendida por diversas tendências do partido, foi aprovada pela ampla maioria dos delegados. Pela proposta aprovada, os petistas vão às urnas nos próximos dia 2 e 16 de dezembro (em primeiro e segundo turnos) para renovar suas direções. Também por decisão do plenário, a direção eleita no próximo PED terá mandato de dois anos.

''Em 2005, nossa discussão era outra. Discutíamos se a data de realização do PED deveria ser mantida em meio à crise'', lembrou Berzoini, que foi eleito presidente do PT naquela ocasião.

Segundo ele, o PED de 2005, realizado quando o partido enfrentava uma grave crise política e de imagem, ''serviu para nos legitimar politicamente, moralmente, administrativamente''.

Na opinião de Berzoini, a antecipação da escolha de uma nova direção ''vai ser importante para consolidar as lideranças que vão conduzir o partido no processo eleitoral brasileiro de 2008 e 2010''.

Os delegados também aprovaram que os próximos PEDS ocorrerão sempre no ano seguinte às eleições à Presidência da República.

Em virtude da antecipação, algumas alterações foram introduzidas no artigo 3, parágrafo 2º, do estatuto do partido. Entre elas, a de que serão aceitas inscrições de chapas e de nomes para as candidaturas a presidente, nos três níveis, até o dia 9 de outubro, e que a lista de filiados a ser tomada como base para o PED será divulgada pela Secretaria Nacional de Organização até o dia 2 de outubro.

Candidatos

Berzoini reafirmou que não pretende se candidatar ao PED. “Estou trabalhando com a perspectiva de construir uma candidatura que represente, se possível, mais de uma força política”, ponderou. O líder petista diz que sua disposição é cuidar do mandato parlamentar, embora não feche totalmente a porta, “pois há um diálogo interno a fazer”. “Acredito que o mais correto é que façamos uma alternância na presidência nesse momento”, sugeriu.

Alguns nomes que circularam no congresso como possíveis postulantes à presidência do PT são a senadora Ideli Salvatti (SC), o ex-ministro Antonio Palocci, o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, o ex-senador José Eduardo Dutra (SE) e o ex-governador do Acre Jorge Viana. Além das inevitáveis candidaturas de tendências minoritárias, como a Valter Pomar, da Articulação de Esquerda.