Plebiscito da Vale ganha força com Grito dos Excluídos
Quase 5 mil pessoas de 60 entidades, movimentos sociais e partidos de esquerda participaram hoje (7), na capital paulista, do 13º Grito dos Excluídos, segundo os organizadores. A manifestação começou com uma concentração na praça da Sé, na re
Publicado 07/09/2007 20:39
O lema do protesto (''Isto não Vale: queremos participação do destino da nação'') foi um protesto contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), realizada há dez anos e questionada atualmente na justiça –onde tramitam mais de 100 processos questionando a privatização– e por um plebiscito popular.
Segundo o coordenador da Pastoral Operária da cidade de São Paulo, uma das organizadoras do ato, Paulo César Pedrini, o objetivo é mostrar a necessidade da busca de saídas para a falta de políticas públicas que atendam as necessidades básicas da parcela da população que ainda é excluída. “Há tanta gente excluída da saúde, da moradia, da educação, da terra, do emprego… O que nos faz vir para a rua é ter uma sociedade mais justa para todos”.
De acordo com a coordenadora nacional do plebiscito em São Paulo, Fátima Cristina Sandalhel, os objetivos centrais são informar a população sobre o processo de privatização da Vale, a dívida externa, a energia e as reformas da Previdência e Trabalhista, além de cobrar uma posição do governo sobre o leilão da Vale.
“Queremos pressionar o governo para que ele se posicione com relação ao leilão fraudulento da Vale do Rio Doce. Pretendemos mobilizar a população para cobrar uma posição do governo, que não está correspondendo às expectativas do povo'', disse a coordenadora. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já disse que o governo não discute esse assunto.
De acordo com a representante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) Marina Santos, o resultado do plebiscito será entregue no próximo dia 25 a integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Para ela, mesmo sem ser oficial, a consulta é uma oportunidade de a população exercer a democracia. ''Pensamos que essa é uma boa experiência, no sentido de que a sociedade vai fazendo na prática. Até que, num certo momento, não fique mais essa democracia participativa no Brasil só em período de eleições, em que a pessoas têm que depositar os votos nas urnas para escolher os seus representantes'', afirmou a líder sem-terra, que participou do Grito dos Excluídos em Brasília.
Plebiscito segue mobilizando brasileiros
Apesar de hoje ter sido o dia de maior mobilização, segue até domingo (9), o plebiscito pela anulação do leilão da Vale. O plebiscito foi instaurado no último sábado (1) em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. Segundo dados do Comitê Nacional de Campanha ''A Vale é Nossa'', mais de 10 mil urnas de votação já foram instaladas nas cidades brasileiras, incluindo o interior.
Até o último dia de votação mais urnas devem ser colocadas à disposição dos votantes. Locais estratégicos como praças, escolas, universidades, terminais de ônibus e igrejas forma escolhidos como locais de votação. Além de pontos fixos, urnas volantes ficarão percorrendo as cidades para facilitar o acesso ao plebiscito.
De acordo com o Comitê Nacional da Campanha, a expectativa é que o plebiscito consiga mais de 10 milhões de votos, número superior ao alcançado no plebiscito sobre a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), realizado em 2002.
Comitês Estaduais da Campanha continuam mobilizando a campanha nos estados e no interior do país, através de cursos de formação e palestras. Conforme informou Carlos Renato, integrante do Comitê Nacional, a reação das pessoas tem sido diversificada. Enquanto algumas delas sequer sabem da existência do plebiscito, outras vão até os locais de votação só para participar do ato.
A consulta é iniciativa de organizações populares e não possui um caráter oficial. Seu objetivo é dar maior visibilidade ao debate de anulação do leilão em que a CVRD foi privatizada, denunciando as irregularidades ocorridas na venda da segunda maior empresa de mineração do mundo.
Fonte: Adital e agências