Para Ideli, oposição está trocando a ''ética'' pela ''aritmética''
O PT não irá fechar questão quanto ao voto de seus senadores no processo que recomenda a perda de mandato do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A líder do partido no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), disse que cada um dos 12 senadores petistas está liber
Publicado 10/09/2007 15:50
''Nenhuma liderança de partido tem o direito – não fará e eu não farei isso na bancada do PT – de tentar qualquer fechamento de questão. Cada um dos parlamentares vai votar conforme a sua consciência'', disse.
A senadora disse que não é possível ter uma previsão do resultado da votação, marcada para esta quarta-feira (12). Segundo ela, a única certeza que se tem é de que não haverá unanimidade nos votos, mesmo dentro dos partidos.
''Só há unanimidade nos partidos que têm um único senador. Vai haver votos diferentes no PT, no próprio PMDB, partido do senador Renan, no PSDB, no DEM, no PDT. Não consigo enxergar nenhum partido que tenha voto único, fechado, idêntico entre todos os seus parlamentares'', disse. Para a senadora, não se pode esquecer da ''ética'' em favor da ''aritmética''.
Ideli Salvatti ainda classificou de ''coceira da cadeira'' as articulações em busca de um novo nome para assumir a presidência do Senado, caso Renan Calheiros perca o mandato. ''Tem muita gente já se movimentando, fazendo a conta. E aí, aquilo que era para ser uma discussão única e exclusivamente de ética, nos bastidores, se transforma em aritmética'', afirmou.
Segundo ela, quem pensa na sucessão do presidente do Senado deveria se declarar impedido de votar na próxima quarta-feira. “Tem gente aqui que deveria se considerar impedido de votar, porque pensa na sucessão e votar pensando na sucessão é votar em causa própria. O papel de juiz fica completamente prejudicado quando se misturam dois temas complicados como esse. Nós (a bancada do PT) só trataremos do dia seguinte no dia seguinte. O PT não vai contribuir para aumentar esse clima de sucessão”, salientou Ideli.
Caso perca o mandato o vice-presidente da Casa, senador Tião Viana (PT-AC), tem cinco dias úteis (até quarta-feira da semana que vem) para convocar novas eleições da Mesa Diretora para preenchimento do cargo.
A sessão e a votação da perda de mandato de Renan serão secretas, mas o senador petista Delcídio Amaral (MT) –em busca de espaço na mídia– estuda apresentar um projeto de resolução para alterar o Regimento Interno do Senado. De acordo com a assessoria do senador, a proposta pretende fazer com que a sessão de quarta-feira seja aberta e apenas a votação secreta.
Apesar da tentativa, não haverá tempo hábil para tal. O regimento do Senado prevê que um projeto de resolução passe primeiro pela Comissão de Constituição e Justiça para análise dos preceitos constitucionais.
Para tentar acelerar a tramitação e aprovar a proposta antes do julgamento de Renan, os senadores podem apresentar requerimento de urgência da proposta, mas, para isso, é preciso que haja aprovação de 54 senadores (dois terços do total). Ainda é preciso aguardar duas sessões para que a proposta seja apresentada em plenário o que, na melhor das hipóteses, aconteceria na quinta-feira.
Além disso, a pauta do plenário está trancada por medidas provisórias, o que aumenta a certeza de que o processo de Renan será mesmo votado em plenário em sessão secreta.
A assessoria de imprensa do senador Renan Calheiros informou que ele quer que o processo seja encerrado mesmo na quarta-feira. Renan Calheiros passou a manhã em casa elaborando um memorial com a consolidação da defesa de seu processo.
Ainda de acordo com a assessoria, Renan está em contato com os senadores, não para pedir votos em favor de sua absolvição, mas sim, para informar do encaminhamento desse memorial.
Fonte: Agência Brasil