Movimentos iniciam jornada internacional pelos 5 Cubanos
A partir do dia 12 de setembro, movimentos sociais de diversas partes do mundo darão início a uma série de atividades pela libertação dos cinco cubanos presos nos Estados Unidos, há nove anos, por informar sobre atividades das organizações terroristas do
Publicado 11/09/2007 11:17
Sobre o assunto, a ativista do movimento de solidariedade com Cuba nos Estados Unidos e do comitê estadunidense pela liberação dos Cinco, Alicia Jrapko, conversou com a Adital e se mostrou otimista em relação ao processo por conta do espaço que o movimento vem ganhando na mídia. Por outro lado, ela diz ainda ter muito o que fazer para que o governo dos Estados Unidos respeitem as leis internacionais de direitos humanos e liberem os cincos presos.
A Luta pela por liberdade dos cinco cubanos detidos nos EUA entra no seu 10o ano. Qual avaliação que vocês fazem?
Temos avançado muito nos últimos anos e o caso é mais conhecido internacionalmente. A presença de juristas internacionais no processo oral e outras personalidades, em 20 de agosto passado, assim o demonstra. O advogado Leonard Weinglass explicou em uma recente entrevista de que este é o único caso que ele recorda dentro dos EEUU onde foi realizado não uma, mas três processos orais de apelações e, segundo seu critério, isto se deve à atenção que o caso tem recebido no âmbito internacional.
Mais importante ainda, é que temos visto uma mudança nos meios de comunicação das corporações. A recente entrevista de Gerardo Hernández à BBC, se seguiu uma na Reuters. Justo antes das apelações, saiu um artigo quase de página completa no New York Times. No passado tínhamos que pagar milhares de dólares para que publicassem um anúncio, agora estão cobrindo o caso. Também o Washington Post, publicou artigos e depois das apelações, artigos nos principais periódicos dos EUA cobriram o caso. Na semana passada, a CNN mostrou, em um dos seus programas, um segmento sobre os Cinco onde falaram quem são, e como o povo cubano vê estes homens, com imagens de cartazes, manifestações, etc. Incluíram uma entrevista com Olga Salanueva e mostraram um debate entre Weinglass e um homem representante do exílio anti-Cuba de Miami. Hoje foi anunciado outro segmento em um programa da cadeia CBS de televisão.
Para nós que residimos nos EUA isto é algo que realmente nos dá esperanças de que o muro de silêncio está se quebrando. Programas de rádio também cobriram o caso e muitos meios alternativos publicaram artigos. Mas isto não quer dizer que estamos onde deveríamos estar, tem que continuar tratando de abrir mais espaços nos meios de comunicação. A tarefa fundamental do movimento pelos Cinco, em geral, e dentro dos EUA em particular, é seguir trabalhando para que o caso seja conhecido. Só assim conseguiremos romper esse silêncio cúmplice entre governo estadunidense e os meios corporativos.
Qual é hoje a realidade dos cinco cubanos? Quais são os principais problemas que enfrentam?
Penso que o principal problema é a pouca freqüência das visitas familiares. O governo dos Estados Unidos nega os vistos de entrada nos EUA às esposas de Gerardo Hernández e Rene González. Eles recebem centenas de cartas todos os dias de Cuba e de todas partes do mundo, incluindo dos Estados Unidos. O apoio que recebem, sem dúvida, os fortalece, mas eles também de dentro dessas cinco prisões dão muitíssima força a todos os que, de todas partes do mundo, lutam pela liberdade dos Cinco.
O que podem fazer os órgãos internacionais frente ao tema para pressionar para que os direitos humanos sejam cumpridos com os detentos?
Os órgãos de direitos humanos necessitam continuar demandando ao governo dos Estados Unidos que respeitem as leis internacionais, e suas próprias leis. Que permitam as duas esposas visitar seus esposos presos, e que permitam ao resto dos familiares visitá-los com mais freqüência. Também, se deve exigir ao governo dos EUA que se baseie nas provas que possui, porque não existe prova alguma contra eles para mantê-los presos. Este tem sido desde o começo um caso político. Os Cinco deveriam ser liberados imediatamente e Luis Posada Carriles deveria ser levado a julgamento pelos crimes que cometeu.
A administração Bush pratica uma política hipócrita na sua luta “contra o terrorismo”. O caso dos Cinco é o melhor exemplo desta política mentirosa. Todos os países, incluindo Cuba, têm o direito a defender-se contra o terrorismo e nenhum país, incluindo os EUA, deve proteger terroristas que cometeram crimes horrendos como foi a derrubada do avião cubano em 1976 onde 73 pessoas inocentes perderam suas vidas. Esta é uma injustiça maior. Luis Posada Carriles e Orlando Bosch estão livres e os Cinco que defendiam seu país contra o terrorismo estão presos.
Há algum avanço nos diálogos pela liberdade dos cinco?
O que sabemos concretamente é que por um lado o caso continua seu longo curso dentro das cortes estadunidenses e por outro lado a luta política nestes momentos é a ferramenta mais forte com a qual contamos para conseguir com que regressem a Cuba.
Como se desenvolverá a jornada mundial pela liberdade dos cinco? Quais serão as atividades e em que países serão?
O Comitê Internacional pela Liberdade dos Cinco Cubanos tem feito um chamamento, e já começamos a receber muitas respostas de atividades que vão ser realizadas em todas partes do mundo. O lema é a liberdade imediata dos Cinco, a demanda de que o governo dos EUA conceda vistos a Adriana Pérez e Olga Salanueva e que os EUA extradite o terrorista Luis Posada Carriles.
Nos próximos dias teremos uma lista concreta de atividades de diferentes países. Há centenas de comitês, e pessoas de todas partes do mundo estão trabalhando nesta nova jornada internacional, e estão organizando diferentes atividades para reclamar a liberdade dos Cinco.
Nos Estados Unidos, onde eles estão presos, também se multiplicam os grupos e novas pessoas se somam a esta justa luta e aqui também estamos organizando atividades como parte das jornadas internacionais pelos Cinco.
Este é um momento crucial e de denúncia, não podemos deixar que o que sucedeu em Atlanta nos paralise, ou seja, não podemos esperar a decisão da corte, mas pelo contrário, hoje, mais do que nunca, devemos continuar denunciando a injustiça deste caso.
Fonte: Agência Adital