Brasil e Venezuela reforçam aliança estratégica e integração
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega venezuelano Hugo Chávez comprometeram-se nesta quinta-feira, em Manaus, a reforçar a “aliança estratégica” entre os dois países e anunciaram o cronograma para o gasoduto sul-americano. Também se anunciou
Publicado 21/09/2007 09:30
Dentro do pacote de acordos será incluída a exploração e extração conjunta no rio Orinoco, na Venezuela. “Não queremos esperar até 2050 para demonstrar ao mundo que somos ousados e capazes de fazer uma aliança estratégica em matéria política e econômica”, disse o governante brasileiro.
Antes da reunião com Lula, ao chegar no Hotel Tropical, Chávez havia declarado à imprensa que se sentia “envergonhado” e com “pena” pelas demoras observadas em projetos como o Grande Gasoduto do Sul, paralisado há um ano, e o Banco do Sul. Também criticou “certos setores” que pressionam o Congresso brasileiro a não aprovar a adesão da Venezuela ao Mercosul. Nesse sentido, Lula afirmou que “o projeto está no Senado” e prometeu que fará “qualquer sacrifício para que se concretize a incorporação deste país ao bloco econômico.
Encontros trimestrais
Durante o encontro, os dois presidentes definiram que integrantes dos governos venezuelano e brasileiro irão se reunir pelo menos quatro vezes por ano para intensificar a aliança e discutir temas de interesses bilaterais.
''Decidimos que Venezuela e Brasil vão fazer quatro reuniões por ano, duas na Venezuela e duas no Brasil, para que a gente não permita que os adversários da aliança estratégica Venezuela e Brasil interfiram nas nossas alianças com boatos. Os boatos serão dirimidos com a nossa conversa pessoal'', disse Lula. O primeiro desses encontros está previsto para a primeira quinzena de dezembro, em Caracas.
Lula negou haver qualquer divergência entre ele e Chávez, e voltou a reafirmar o interesse do governo brasileiro de integrar, o quanto antes, a Venezuela ao Mercosul.
''Sabe, Chávez, em política, quando dois dirigentes passam muito tempo sem se encontrar, começa a surgir entre eles uma série de inquietações, de insinuações”, disse o presidente brasileiro diretamente ao venezuelano, no momento em que faziam uma declaração à imprensa. “As pessoas começam a falar em divergências, em disputas de lideranças. As pessoas começam a falar uma série de coisas que eu tenho a consciência de que não passam pela sua cabeça e não passam pela minha cabeça. É importante dizer que o Brasil está trabalhando, que o processo está no Senado, e nós esperamos que o mais prontamente seja votado para que a Venezuela seja definitivamente um país membro do Mercosul.''
Mercosul
Para a Venezuela se tornar membro definitivo do Mercosul, os Senados do Brasil e do Paraguai ainda precisam aprovar a sua adesão. Em julho, Hugo Chávez chegou a estabelecer um prazo fixo para que os Congressos dos dois países aprovassem a entrada da Venezuela no bloco econômico, afirmando que, do contrário, se retiraria do processo.
Em declaração à imprensa, o presidente Lula reforçou a importância de Brasil e Venezuela intensificarem suas relações: ''É importante que todos saibam que Brasil e Venezuela têm uma relação estratégica – estratégica por interesses geopolíticos, estratégicas por interesses econômicos, comerciais, de desenvolvimento, de investimento na área de ciência e tecnologia, até porque nós estamos convencidos de que a vida do povo da América do Sul e da América Latina só irá melhorar quando nossos países desenvolverem e tiverem riquezas para distribuírem para o seu povo''.
Lula acrescentou, ainda, que tem na pessoa de Chávez um companheiro para os ''bons e os maus'' momentos. ''Para festejar as coisas boas e enfrentar as coisas difíceis. Porque nós sabemos que na nossa querida América Latina, e na nossa querida América do Sul, muitas vezes as pessoas não querem aceitar que exista um governo progressista, que exista um governo preocupado com as pessoas mais pobres. E eu estou convencido, Chávez, que essa aliança estratégica entre Brasil e Venezuela pode ajudar a Bolívia, pode ajudar o Paraguai, o Uruguai e o Equador, que são os países considerados mais pobres da nossa querida América do Sul'', concluiu.
Da redação, com agências