Uruguai proíbe protestos contra fábrica de celulose
O governo uruguaio proibirá manifestações de ambientalistas na cidade de Fray Bentos, a 309 quilômetros de Montevidéu, onde a empresa finlandesa Botnia está perto de inaugurar sua fábrica de celulose, que há meses provoca conflitos entre o país e a Argent
Publicado 09/10/2007 13:46
A ministra do Interior, Daisy Tourné, disse nesta segunda-feira (8), após a reunião do Conselho de Ministros com o presidente Tabaré Vázquez, que a medida, apoiada na legislação vigente, é para ''preservar a tranqüilidade'' no território nacional.
O Conselho de Ministros analisou no encontro as atividades que ambientalistas da província argentina de Entre Ríos organizaram ontem na cidade uruguaia de Nueva Palmira, a 220 quilômetros de Montevidéu, onde junto com ativistas uruguaios fundaram a ''Assembléia Regional Ambiental'' para fazer oposição à Botnia.
Os integrantes da Assembléia já anunciaram que a próxima mobilização será dia 20 de outubro em Fray Bentos. ''O povo uruguaio demonstrou enorme generosidade até o momento, mas autorizar outra atividade nesse território é justificar uma provocação às pessoas de Rio Negro'', apontou Tourné fazendo referência à província onde se localiza Fray Bentos.
Cerca de 200 moradores de Entre Ríos cruzaram ontem pela manhã a ponte internacional General San Martín, que liga as cidades de Gualeguaychú e Fray Bentos. Devido a isso as autoridades acionaram um rígido dispositivo de segurança para controlar a entrada e a permanência dos ambientalistas em território uruguaio.
A alfândega confiscou material publicitário e roupas com as inscrições ''não às papeleras (fábricas de celulose)'', ao mesmo tempo em que alguns comércios registraram discussões entre defensores e críticos à empresa.
Mais conflitos
No retorno ao território argentino, pela noite, os ambientalistas foram insultados por comerciantes uruguaios afetados pela interrupção das vias de acesso realizada pelos ativistas, mas a polícia evitou atos violentos.
Os contatos entre os defensores do meio ambiente de ambas as margens do rio Uruguai para constituir a Assembléia começaram no dia 23 de setembro, na cidade uruguaia de Mercedes, a 278 quilômetros de Montevidéu.
No dia 2 de setembro aproximadamente mil ambientalistas e vizinhos de Gualeguaychú atravessaram o território uruguaio para fazer um protesto nas proximidades da fábrica, atividade concluída sem qualquer tipo de incidente.
A Assembléia Ambiental desta cidade realiza há dois anos bloqueios nas pontes internacionais que unem os dois países em protesto contra a instalação da Botnia, porque acreditam que o empreendimento contaminará o meio-ambiente.
A fábrica finlandesa, a partir das próximas semanas começa a produção de celulose, assim que obtiver as permissões de funcionamento. O caso motivou um dos maiores conflitos diplomáticos da história entre os dois países.
Fonte: Ansa Latina