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Zuanazzi: “agenda oculta” de Jobim deixará pobres fora dos aviões

O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, entregou na tarde desta quarta-feira (31) sua carta de exoneração ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Zuanazzi saiu do cargo atirando contra o atual ministro da Defesa

De acordo com assessoria de imprensa da Secretaria de Relações Institucionais, o ministro Walfrido dos Mares Guia acompanhou Zuanazzi na audiência de cerca de 15 minutos com o presidente Lula.


 
Zuanazzi anunciou que deixaria o cargo em coletiva na manhã desta quarta-feira. Após apresentar um balanço de sua administração à frente da agência, Zuanazzi disse que está saindo porque não concorda com as idéias do ministro da Defesa, Nelson Jobim.



O presidente da Anac deixou o cargo prevendo problemas no setor aéreo, sobretudo para as pessoas mais pobres devido às propostas de Nelson Jobim. Segundo Zuanazzi, as propostas do ministro podem reduzir as ofertas de vôos e encarecer o preço das passagens. Zuanazzi disse ainda que Jobim não entende de aviação e não não “dá bola” para a autonomia da Anac.



“Estou saindo porque não gostaria de trabalhar com ele. Ele está propondo um conjunto de restrições temerárias. Temo que haja uma redução da oferta e um aumento de preços e que isso impeça as pessoas mais simples de voar. Não querem que o pobre viaje de avião, reclamam que aeroporto é rodoviária”, disse.



Ainda segundo Zuanazzi, discutir o espaço entre os assentos dos aviões, proposta de Jobim, é admitir aumento de preço.


“Eu adoraria viajar em um assento de primeira classe. Mas há que se pagar por isso. Tem uma agenda oculta no debate que  não aparece nunca. Atenção cidadão, você que nunca viajou de avião: estão querendo que você não viaje de avião”.


 


Jobim: “discordância de metodologia”



Depois da coletiva em que Zuanazzi anunciou a renúncia ao cargo, Jobim disse que os problemas entre os dois está relacionado a uma discordância de metodologia de trabalho.


O ministro ironizou as declarações do ex-dirigente da Anac sobre não querer trabalhar com ele. “Não deverá trabalhar mesmo, porque o nosso trinômio é segurança, pontualidade e regularidade. Se esse trinômio não serve [a Zuanazzi], viramos a página”, disse Jobim.



Apesar das freqüentes manifestações de divergências a atos do ex-diretor-presidente da Anac, o ministro agradeceu a permanência de Zuanazzi à frente da agência depois que todos os outros diretores pediram demissão. Como a Anac precisa de pelo menos três diretores para poder deliberar, se Zuanazzi saísse antes, a agência não poderia tomar decisões. “Agradeço ao Zuanazzi. Ele não podia se afastar senão hoje (ontem), pois nós ficaríamos acéfalos. Saíram quatro e ficou o Zuanazzi. Ele não poderia se retirar. Seria um desastre no sistema.”



Novos diretores



Zuanazzi era o único dos diretores da agência que ainda não tinha deixado o cargo após a posse de Jobim no Ministério da Defesa. Na terça-feira, quando exerceu a Presidência da República, Arlindo Chinaglia assinou a nomeação de dois novos diretores da agência: o economista Marcelo Guaranys e o engenheiro Alexandre Gomes de Barros.



Já o brigadeiro Allemander Pereira Filho tomou posse na segunda-feira, como diretor de segurança operacional, investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos.



Jobim reiterou sua disposição de nomear a atual secretária de Aviação Civil do ministério, Solange Vieira, para a chefia da Anac e acrescentou que procura um especialista em regulamentação internacional para complementar a composição da agência.



Da redação,
com agências