CAPS Bom Jardim oferece curso de informática a seus usuários

A aula começa diferente do que costuma acontecer nos cursos tradicionais de informática. A cada dia, a professora Natália Martins dá as boas vindas aos alunos/as com uma nova dinâmica de integração e acolhimento ou fazendo uma reflexão temática. Os alunos também são especiais – mulheres e homens usuários do Centro de Atendimento Psico-social Comunitário do Bom Jardim (CAPS). Ao mesmo tempo em que são acompanhados pelos profissionais do CAPS, de forma complementar ao seu tratamento, eles/as participam do curso de informática oferecido pelo Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, na Casa de Aprendizagem Ezequiel Ramin.

Aos poucos, enquanto vão se familiarizando com o computador e os programas básicos de edição, vão se percebendo enquanto pessoas capazes de aprender coisas novas, de vencer desafios e superar limites. Lúcia Almeida diz que a experiência tem sido ''maravilhosa'' porque está ajudando a diminuir suas crises de pânico. E também por recomendação médica voltou a estudar. Como ela, José Orlando Alves, Antônio Lúcio Ferreira e Eládia Maria Pereira tiveram um pouco de medo no primeiro contato com o computador. Enquanto conversamos, Natália relembra que José Orlando tremia muito na primeira aula. Hoje, ele que achava bonito ver as pessoas no computador, já digita seu nome, textos maiores e até desenha.

Lúcio Ferreira já participou de outros trabalhos de grupo oferecidos pelo MSMCBJ aos usuários do CAPS, a exemplo da horta comunitária, mas se identificou mais com o curso de informática, entre outras coisas porque ''não pega sol''. Para Helena Lúcia Alves dos Santos o curso ''é uma ocupação, pra não ficar em casa sem fazer nada''. Ela também participa do curso de crochê na Casa de Aprendizagem, nas tardes de sábado.

Para Ana Paula Fernandes, coordenadora do CAPS Comunitário do Bom Jardim, a partir de experiências deste nível percebe-se a importância da integração entre o trabalho realizado pelo CAPS e o MSMCBJ. ''Associado ao tratamento médico, o aspecto da reinserção social das pessoas que são portadoras de transtornos mentais é fundamental para sua recuperação'', ressalta ela.  

Eládia Pereira gosta do curso porque sente que a ajuda a ficar mais calma e por considerar que ''a Natália é uma boa instrutora''. Certamente, num ambiente aparentemente frio, ela sempre encontra, nas manhãs de sexta-feira, muito calor humano. E naquela sexta, dia 26 de outubro de 2007, o dia começou com o grupo observando uma série de palavras espalhadas no chão. Alegria, saúde, talento, sedução, forte, eram algumas delas. Aos poucos, cada um/a escolheu uma palavra para entregar a um dos/as colegas, simbolizando uma das suas qualidades. Por último, Lúcio escolheu a palavra romântica para Eládia, que a recebeu com um sorriso tímido. Era hora então de adentrar no universo da informática.

Fonte: AnotE