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Países em desenvolvimento podem alcançar metas do milênio

O índice de comércio e desenvolvimento (ICD) elaborado por um organismo da Organização das Nações Unidas apresenta sinais de que os países mais pobres,incluídos os da África subsaariana, aproxima-se da consecução dos Objetivos de Desenvolvimento do Mil

Os oito grandes objetivos estabelecidos em 2000 pela Assembléia Geral das Nações Unidas compreendem desde a redução da pobreza extrema e da fome pela metade em relação aos indicadores de 1990 até a detenção do HIV/aids e ensino primário universal.


 


Supachai disse que “ainda podemos ter esperanças” de que continue “este prolongado comportamento positivo e forte” das economias subsaarianas. O chefe da Unctad se baseia nos prognósticos do comércio mundial traçados por essa instituição para 2008, que antecipam uma continuação da tendência dominante este ano. Dessa forma, teríamos seis anos consecutivos de forte crescimento em todo o mundo, em especial nas áreas subsaarianas, disse. Se esse comportamento se prolongar, estaremos muito perto dos objetivos, acrescentou, entusiasmado.



Entretanto, o ICD motra que as condições não são suficientemente boas em algumas áreas, como a marcha das exportações, disse Supachai. Os desempenhos positivos devem se estender a todos os setores, incluindo as disciplinas macroeconômicas ou também nas matérias sociais, de bem-estar e qualidade institucional, afirmou. Por tanto, as nações compreendidas pelas Metas do Milênio terão de prestar atenção a estes aspectos, acrescentou. Nesse sentido, o ICD apresentado na terça-feira pelo chefe da Unctad oferece um excelente exercício comparativo onde se pode observar os comportamentos de outros países com graus diferentes de desempenho. Essa comparação deixará evidente as áreas em que certos países precisam progredir, disse Supachai.



O propósito do ICD é exatamente ajudar os governos, em particular os afetados pela pobreza e pelo escasso desenvolvimento, a identificar as maneiras de melhorar sua participação no comércio mundial. O índice desnuda a situação de cada um dos 123 países que até agora avalia e destaca as dificuldades estruturais, institucionais e os obstáculos financeiros que sofrem, como também as limitações das políticas comerciais e de bem-estar sócio-econômico.



Supachai disse à IPS que o Índice de Desenvolvimento Humano, preparado periodicamente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, pode ser “um componente do que fazemos aqui, que são indicadores sociais que incluem educação e desenvolvimento de recursos humanos”, explicou. O índice da Unctad deste ano, preparado com dados de 2006, demonstra que os países em desenvolvimento continuam atrasados em relação ao mundo industrializado em temos como capital humano, infra-estruturas, intermediação financeira, qualidade institucional, rendimento comercial e econômico e bem-estar social.



Os Estados Unidos lideram novamente o ranking elaborado pela Unctad, embora seus especialistas expliquem que a estimativa é de 2006 e não levou em conta as últimas dificuldades sócio-econômicas que surgiram nesse país, associadas com seus desequilíbrios macroeconômicos, à depreciação do dólar e à quebra do mercado da construção civil. Nas posições seguintes aparecem Alemanha, Dinamarca, Grã-Bretanha, Cingapura, Japão, Suécia, França, Noruega e Canadá. Fecham a lista República Democrática do Congo, Níger, Nigéria, Guiné-bissau e Sudão.



O índice ressalta o peso adquirido pelas sete principais economias emergentes (E-7), que são Brasil, Índia, China, Coréia do Sul, México, Rússia e África do Sul. Todas estas nações melhoraram seu comportamento entre 2005 e 2006, embora a China tenha obtido a melhor pontuação, seguida da Índia. A média da pontuação obtida pelos países do E-7 supera o resto das nações em desenvolvimento e também ostentam diferenças pouco significativas com os níveis dos 10 países que se incorporaram à União Européia em 2004. O informe da Unctad diz que entre os países em desenvolvimento, os da Ásia oriental e do Pacifico apresentam as pontuações maiores, seguidos pelas nações do Oriente Médio, norte da África, América Latina e do Caribe. As qualificações das nações da África subsaariana e da Ásia meridional são similares, pois estão atrasadas em relação às demais regiões em desenvolvimento.



As quedas mais importantes entre 2005 e 2006 se registraram em Botswana, Jamaica, Uruguai, Camarões e Síria. Por sua vez, quatro países em desenvolvimento apresentaram as altas mais acentuadas no mesmo período: Equador, Honduras, Irã e Omã. Nos casos de Irã e Omã, seus comportamentos dependeram do auge do setor da energia. Em geral, todos os exportadores de energia tiveram altas pontuações em 2006, com exceção da Malásia. O aumento dos preços internacionais dos produtos básicos favoreceu oito economias independentes dessas exportações, que são as de Malawi, República Centro-africana, Islândia, Ruanda, Guiné-bissau, Uganda, Etiópia e Paraguai.



A Unctad estimou que a análise do índice demonstra que uma ênfase desproporcional em um número limitado de políticas pode, provavelmente, levar à obtenção de resultados marginais. Por exemplo, se concentrar o foco exclusivamente na integração econômica e na liberalização comercial, não se enfrenta de maneira eficaz os problemas do desenvolvimento. Os especialistas da Unctad concordam que, apesar de uma estendida liberalização comercial, muitos dos países menos avançados não conseguiram reduções significativas da pobreza e em alguns houve índices de desenvolvimento negativos.



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