Maquinistas alemães ampliam sua greve para os trens de passageiros
A greve dos maquinistas de trens de carga foi estendida, nesta quinta-feira, para as linhas de passageiro, em uma prova de força sem precedentes na história da Deutsche Bahn – companhia pública de trens da Alemanha – e prejudicou fortemente o tráfego,
Publicado 15/11/2007 14:50
Caso a Deutche Bahn não faça uma oferta até segunda-feira, o sindicato GDL vai lançar uma “greve por tempo ilimitado e que poderá durar até o Natal”, ameaçou um dirigente, Hans-Joachim Kernchen.
“Se o GDL pensa que vai nos forçar a uma rendição incontestável, não vai funcionar”, respondeu um alto funcionário da companhia pública, Karl-Friedrich Rausch.
“A maior greve na história da Deutsche Bahn”, segundo a própria empresa, obrigou milhões de passageiros a encontrar uma alternativa para poder chegar ao seu destino.
A situação se complicou principalmente no leste, onde apenas 10% dos trens regionais circularam, enquanto que no resto do país este índice chegou a 50%.
As linhas férreas urbanas também foram particularmente afetadas. Em Frankfurt (oeste) e Stuttgart (sudoeste), apenas um terço dos “S-Bahn” circularam. Em Berlim, Hamburgo (norte) e Munique (sul), os passageiros tiveram que esperar entre 20 minutos à uma hora para embarcarem, quando normalmente esse tempo é de 5 minutos.
Em termos gerais, cerca de dois terços dos trens funcionaram, principalmente os trens de alta velocidade (ICE).
Por sua vez, linhas aéreas de baixo custo, como a Air Berlim e a Gremanwings tiveram um aumento das reservas que variaram de 15 a 30%. Empresas de aluguel de carros também tiveram aumentos em seus serviços.
No transporte de mercadorias, a paralisação iniciada na quarta-feira continua. Nessa área, a greve teve boa adesão, conforme comemorou o vice-presidente da GDL, Claus Weselsky. Mais de 550 maquinistas aderiram nas primeiras oito horas da paralisação, principalmente no leste.
O presidente do sindicato, Manfred Schell, disse em uma entrevista ao jornal local Passauer Neue Presse que “não há nenhum indício de que a Deutsche Bahn irá propor uma nova oferta aceitável”.
A Federação Alemã de Empresas de Transporte e Logística advertiu para as conseqüências da greve no setor. “Se os portos marítimos foram bloqueados, os custos econômicos diários poderão superar 500 milhões de euros (cerca de 1,3 bilhão de reais)”, disse o vice-presidente Adolf Zobel ao jornal Passauer Neue Presse, destacando ainda que as indústrias mais afetadas serão a automotiva, a química e a siderúrgica.
As autoridades do porto de Hamburgo, o segundo maior da Europa, informaram nesta quarta-feira que os atrasos nos envios, provocados pela greve, já prejudicam o comércio de importação e exportação.
O sindicato GDL, que conta com 30.000 afiliados, promove a greve para exigir um convênio coletivo exclusivo, assim como aumento dos salários em cerca de 31%, o que é rechaçado categoricamente pela DB.
A Deutsche Bahn ofereceu aos maquinistas um aumento de 10%, com aumento da jornada de trabalho, e um bônus de 2.000 euros (cerca de 5.200 reais) pelas horas extras trabalhadas este ano.
Fonte: France Press