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General da Otan confirma uso de tortura em prisioneiros

O comandante da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), general Egon Ramms, confirmou nesta semana as acusações de torturas de prisioneiros entregues pela Isaf a autoridades afegãs.

A Anistia Internacional (AI) criticou o tratamento dado a prisioneiros pela missão internacional Isaf no Afeganistão. Os presos foram entregues a autoridades afegãs, principalmente ao serviço secreto. Alguns deles desapareceram ou foram torturados. Unidades alemãs também teriam enviado prisioneiros aos afegãos.



A Otan, que chefia a Isaf, rejeita as críticas. O Ministério da Defesa em Berlim quer agora investigar a veracidade do relatório da AI. Após as declarações de um general das Forças Armadas Alemãs, comandante da Isaf, a oposição no Parlamento alemão exige esclarecimento.



Na quarta-feira (14/11), a Deutsche Welle entrevistou Ramms no quartel-general da Otan em Brunssum, nos Países Baixos. O general confirmou que prisioneiros entregues pela Isaf às autoridades afegãs sofreram abusos e torturas.



Na entrevista, Ramms afirmou que “existem casos isolados, dos quais temos conhecimento, onde teriam acontecido ações em prisões afegãs que certamente contrariam nossa concepção, do ponto de vista do direito internacional e humanitário. Segundo nosso conhecimento, trata-se de casos isolados e tentamos assim tratá-los, de forma que deixamos a decisão aos líderes locais de entregar ou não os prisioneiros às respectivas autoridades afegãs”.



“Os canadenses identificaram tais casos na província de Kandahar, em seu relatório, e eles não mais enviaram seus prisioneiros a estas instalações. Somente onde os direitos humanos dos prisioneiros puderam ser garantidos, ocorreu uma entrega de prisioneiros às autoridades afegãs, ao governo afegão”, comentou o general.



“Ações erradas”



O general alemão referiu-se ainda ao fato de que, segundo as regras da atuação da força-tarefa no Afeganistão, seus soldados teriam sido obrigados a entregar prisioneiros aos postos afegãos.



Ramms afirmou que “naturalmente, isto não é um problema somente de ordem militar, mas também das ordens de comando, aprovadas pelo Conselho da Otan, que prevê a entrega de prisioneiros em 96 horas. Eu espero realmente que a política aja neste campo e exerça influência sobre o governo afegão para mudar esta situação. Se obedecem ordens que foram aprovadas, não é justo que soldados sejam repreendidos por terem cometidos ações erradas”.



A Anistia Internacional exigiu que a tropa comandada pela Otan interrompesse todas as entregas de prisioneiros até segunda ordem. Christian Schmidt, secretário adjunto do Ministério da Defesa, demandou o esclarecimento das acusações e a averiguação do relatório da Anistia Internacional.



Fonte: Deutsche Welle