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Autoridades apresentam “apoio concreto” à reconstrução da UNE

Comunistas, socialistas, petistas e tucanos. Antigas e jovens lideranças. Autoridades e militantes. Cerca de 200 pessoas se uniram em torno da palavra de ordem “a UNE somos nós, nossa força e nossa voz”, que embalou o lançamento da campanha para recons

Os ministros da Saúde, José Gomes Temporão; do Esporte, Orlando Silva Júnior e de Assuntos Extraordinário, Mangabeira Unger, passaram pelo local para cumprimentar os dirigentes estudantis e levar apoio à campanha. O evento, que se prolongou até a meia-noite, teve ato político, no qual falaram oradores de todos os partidos políticos.



O ex-presidente da Câmara e da UNE, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), definiu o encontro como “momento de gratidão e reconhecimento de todas as gerações e da atual, que tem a tarefa de trazer de volta a alma da UNE com a reconstrução da sede da UNE na Praia do Flamengo”.



A ênfase dos discursos foi de resgate da dívida do estado brasileiro com a entidade, garantindo a reconstrução de sua sede, incendiada e demolida pela ditadura militar. Os oradores também destacaram a importância da luta do movimento estudantil pela liberdade e democracia no Brasil, além de ser “uma fábrica de lideranças”, nas palavras do senador Renato Casagrande (PSB-ES).



Os oradores também foram unânimes em saudar os ex-presidentes da UNE, como o ex-presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo; o também deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) e Gustavo Petta. Confirmando as palavras de Casagrande, Aldo Rebelo disse que “não existe uma liderança importante no nosso País que não tenha passado pelo movimento estudantil”, citando o ex-deputado comunista Aldo Arantes; o senador Marco Maciel (DEM-PE), o governador de São Paulo, José Serra; o ex-ministro José Dirceu e os deputados José Genoíno (PT-SP) e Renildo Calheiros.



Ao final de suas falas, os oradores recebiam o botton de adesão à Campanha Meu Apoio é Concreto, depois distribuído a todos os presentes.



O ato político também homenageou os 70 anos da UNE, completados no último dia 11 de agosto, quando a nova diretoria tomou posse.



Ao final dos discursos, todos os ex e atuais dirigentes da entidade subiram no tablado – pequeno demais para a quantidade de pessoas – e sob o comando de Aldo Arantes, reeditaram as manifestações estudantis – braços erguidos, punhos fechados e voz alta, repetiram: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz”.



“Fábrica de lideranças”



Para o senador Renato Casagrande (PSB-ES), a campanha de reconstrução da sede da UNE é audaciosa e um projeto importante para todo o povo brasileiro. Ele destacou a UNE como “fábrica de lideranças”, citando Aldo Rebelo, Renildo Calheiros e Gustavo Petta. Em breves palavras, resumiu a entidade como “o retrato daquilo que a democracia pode produzir no País”, acrescentando que “estamos aqui colhendo os frutos do trabalho da militância, que nem a ditadura conseguiu calar”.



A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que puxou a palavra de ordem “a UNE somos nós, nossa força e nossa voz”, com que foi saudada ao final de suas palavras, também teceu elogios à entidade. “A UNE continuará sempre sendo a força e a voz daqueles que lutam por liberdade, justiça e igualdade no nosso País”, disse.



“A participação popular nos avanços da democracia e a transformação para inclusão dos milhões de excluídos que ainda existem no nosso neste País, em todas essas lutas tem a voz, a alma, a paixão e a militância dos estudantes organizados pela UNE”, afirmou a senadora petista, para quem a reconstrução do prédio da UNE “é dar prova inequívoca de que este País não seria jamais o que é sem a participação maravilhosa dos estudantes que sempre lutaram pelas transformações sociais nesse país”.



O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) se manifestou “absolutamente comprometido com esta luta e pronto para votar qualquer projeto favorável a esta decisão (de reconstrução da sede da UNE). Ele lembrou que “nenhum movimento foi tão atingido pela ditadura militar, pelo arbítrio, do que o movimento estudantil – vários estudantes foram presos e torturados por lutar por seus ideais”, acrescentando que “nenhum movimento foi tão ativo na luta pela anistia, pela redemocratização do país, pelas liberdades do que o movimento estudantil”.



Manifestações e negociações



Logo ao entrar no restaurante – em meio ao ato político, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) foi convidado a falar. Acompanhando o tom informal e a brevidade dos discursos, ele parabenizou a direção da entidade “pela retumbante vitória política e democrática de resgatar seu espaço e lugar no Rio de Janeiro”. Para o senador comunista, “num momento de mais liberdade no nosso País, os estudantes chegam a essa grande vitória, resgatando a história e abrindo novos espaços para transformar esse país num lugar onde o povo viva com qualidade e democracia”. 



O ministro da Educação, Fernando Haddad, também chegou no andamento dos discursos e foi logo chamado a falar. Ele se disse orgulhoso de “ouvir, dialogar, negociar e puder atender e fazer mais por nossos estudantes”, destacando que além das manifestações, os processos de negociações fazem parte da história da UNE.



As palavras do ministro foram saudadas com o grito dos militantes, repetindo as palavras de ordem das manifestações: “O movimento estudantil unificado por mudanças no Brasil”, seguido de aplausos.



Valorização da UNE



Aldo Rebelo se disse representado nas palavras de todos os oradores. Ele destacou que “aquele prédio era a alma da luta do movimento estudantil, quando foi queimado, procuravam atingir de maneira mais profunda, mais duradoura e mais criminosa a história e a vida dos estudantes, que tem sido a história e vida do povo brasileiro, da nossa democracia”.



Para Aldo Rebelo, o movimento estudantil pagou por representar a história e os ideais do povo brasileiro e deve ser valorizada por que representa promessa de vida de uma sociedade mais democrática e igual. “Todos os que amam a democracia e liberdade, devem valorizar a UNE pelo que ela representa na luta pela democracia”.



O secretário Nacional da Juventude, Beto Cury, também falou, enfatizando que “esta causa, da retomada do terreno, não é causa somente da entidade e dos estudante brasileiro, é uma causa da sociedade brasileira, um resgate da nossa história e rendição do passado recente”. E elogiou a atitude do presidente Lula, que se comprometeu a ajudar na reconstrução da sede. “O presidente Lula não podia tomar outra atitude que não a de se comprometer a reparar este erro do estado brasileiro”, afirmou Cury.



Certeza da vitória



Durante o jantar, houve exibição de um filme que conta a história do terreno e mostra cenas da histórica retomada e da ocupação dos estudantes, que durou mais de três meses.



A presidente da UNE, Lúcia Stumpf, nas palavras de abertura do ato político, contou a história da conquista da sede, em 1942, da perda do prédio que foi incendiado na época da ditadura militar e da luta constante dos estudantes, desde a redemocratização do País, de retomada o terreno, ocupado ilegalmente por um estacionamento, o que só foi possível este ano.



Ela também falou sobre o projeto da nova sede, presenteado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A proposta é de construir no local, além da sede, o Centro Cultural e Museu da Memória do Movimento Estudantil.



“Tomaram o que era nosso por direito e o estado brasileiro deve garantir a reconstrução da nossa sede, para que consiga virar em definitivo essa página triste da história do Brasil”, disse Stumpf, manifestando certeza na vitória da campanha, “o que representa mais uma vitória dos estudantes e do povo brasileiro”, finalizou.



De Brasília
Márcia Xavier