Desenvolvimento tem que ser social econômico e ambiental

O secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Dalton Macambira, afirmou, em entrevista ao Jornal O Dia, publicada na última segunda-feira (14) que não existe nenhum estudo sério que comprove a destruição do meio ambiente no Piauí, como vem sendo denu

Veja íntegra da entrevista concedida ao repórter Durvalino Leal:
 
 
O Dia – Durante o ano passado, várias instituições denunciaram a destruição das matas piauienses.
Inclusive, um grupo chegou a fazer manifestação no Palácio de Karnak. Como o senhor avalia estas denúncias?



Em um governo democrático como o nosso é absolutamente legítimo que a sociedade se manifeste.
Quando eu era oposição, fiz muitas manifestações nas portas do Palácio de Karnak. O que eu não concordo é com as denúncias que são feitas. As denúncias não correspondem à verdade. O Piauí tem 25 milhões de hectares. Cerca de 20% desse total são áreas de preservação ambiental. O Piauí possui 80% da sua cobertura vegetal nativa. O Piauí é um Estado extremamente bem preservado. Essa denúncia da destruição sem controle não é verdadeira. Tanto o Ibama quanto a Semar tem feito o seu trabalho de monitorar o uso de recursos naturais no Piauí. Desconheço qualquer estudo sério que tenha sido produzido por essas Ongs para dar embasamento técnico ao que vem sendo afirmando.
Na minha opinião, essas Ongs escondem interesses inconfessáveis. São interesses obscuros de pessoas que querem sobreviver denegrindo a imagem dos órgãos ambientais do Estado do Piauí.



O Dia – Qual tem sido a postura do governo para conciliar desenvolvimento sem destruição do
meio ambiente?



O que o governador Wellington Dias tem enfatizado como sua política principal? É que nós vamos manter uma política de preservação ambiental, mas também de combate à pobreza. Não vamos preservar o meio ambiente e também a miséria. Vamos preservar o meio ambiente, mas também estabelecer condições para que os piauienses possam viver melhor. Estamos trabalhando para que as atuais e futuras gerações sejam beneficiadas. Nesse sentido, quando temos ações de algumas, poucas Ongs irresponsáveis acabam atrapalhando o desenvolvimento do Estado e a geração de empregos. Empresários acabam pensando duas vezes antes de vir investir no Piauí.
Veja, não temos que ter preocupação com as atividades regulamentadas porque todas elas são reguladas por uma legislação ambiental rigorosa.
O Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Então, basta a lei ser aplicada que teremos empreendimentos sustentáveis. É óbvio que existem bons e maus empresários. Os bons são bem-vindos. Os maus empresários serão atingidos pela lei através de fiscalização, embargo e processos judiciais quando for necessário.
 
 
O Dia – O Ministério Público entende que os maiores investimentos que chegaram ao Estado apresentaram alguma irregularidade. Existe algum tipo de conflito de interesses entre o governo e o MP?



Temos procurado sistematicamente o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal. Acho que o Ministério Público tem que ser parceiro no processo de desenvolvimento. Não que eles tenham que ser coniventes. Ao contrário, acho que o Ministério Público, como fiscal, deve exigir rigorosamente o cumprimento da lei. Agora, ações que não tenham guarida legal não ajudam em nada. Ações contra o gestor público apenas para obstruir um processo de desenvolvimento não é correto. Temos encontrado no Ministério Público Estadual um diálogo mais fácil, mesmo assim por determinação do governador temos buscado permanentemente esse mesmo entendimento como o Ministério Público Federal.



O Dia – Diante dessa dificuldade para atrair investimentos, o Piauí está perdendo muito?



Os números do PIB do Piauí estão mostrando que os investimentos estão aumentando. Isso está tendo impacto na produção e distribuição da riqueza. Aliás, o resultado desse processo já foi mostrado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), onde se percebe que as classes D e E estão migrando para C e B que é resultado das políticas sociais do nosso governo, mas também dos investimentos no setor privado no Brasil e no Piauí. Por isso, estes investimentos são
bem-vindos desde que regulados. O governador tem sempre dito que não defende desenvolvimento a qualquer custo. O desenvolvimento tem que ser social, econômico e ambiental.



O Dia – Qual a avaliação que o senhor faz da atuação da Semar no ano passado?



O carro-chefe do segundo governo do PT na área ambiental está sendo o Programa de Revitalização da Bacia do Rio Parnaíba. Em 2007, nós procuramos incentivar as prefeituras a realizar os projetos para poder captar recursos na ordem de R$ 230 milhões para serem aplicados nos próximos quatro anos. Esse dinheiro está à disposição do Piauí, mas, para que possa ser investido, nós precisamos de projeto para fazer licitação e depois captar esses recursos.
Esses recursos serão investidos para atacar os principais problemas ambientais do nosso Estado, que são a falta de esgotamento sanitário, o problema do lixo e o desmatamento das matas ciliares.
Então, esses recursos vão ser exatamente para aumentar ou fazer novas redes de coleta e tratamento de esgoto, transformar os lixões em aterros sanitários e um amplo programa de produção de mudas para recuperação da mata ciliar dos nossos principais rios. Por isso, que esse programa é a nossa prioridade na área ambiental neste segundo governo, resultado da obstinação do governador Wellington Dias de buscar estes recursos em Brasília e da sensibilidade do presidente Lula para com o Nordeste e para com o Piauí.



O Dia – Uma das promessas do governador nessa área ambiental foi a de barrar o processo de desertificação em Gilbués. Como andam essas pesquisas?



O problema de desertificação em Gilbués começou nos anos 40 do século passado por conta da cultura do arroz, que era plantado sem cuidado ambiental, pela pecuária extensiva e pela mineração de diamantes. Estes três fatores se associaram à natureza: venta e chove muito na região. O homem retirou a cobertura vegetal e o vento e a chuva se encarregaram de arrastar todos os nutrientes assoreando os nossos rios, e o processo de degradação, que era só em Gilbués, se expandiu diretamente para sete municípios e indiretamente para quinze.
Nossa ação foi no sentido de implantar um projeto para criar um núcleo de pesquisa para recuperação de área degradada em Gilbués. Pedimos o apoio da Embrapa e da Universidade
Federal do Piauí e neste núcleo fomos testar culturas mais adaptáveis àquela região.
Fomos inventar a roda? Não. Fomos atrás de técnicas agrícolas que os astecas já desenvolviam há séculos atrás, que é fazer pequenas barragens para que a água pudesse infiltrar, terraceamento para reduzir a velocidade da água e plantar em cultura de nível. Já aplicamos essa técnica em 11 propriedades em Gilbués e agricultores que produziam 600 quilos de milho por hectare estão produzindo 3.500 quilos por hectare, provando que a técnica agrícola adequada pode não só ajudar a recuperar o solo como aumentar a sua produtividade.
O governo agora tem o desafio de expandir essas pesquisas para toda a região porque assim vamos reverter o processo.



O Dia – Em 2007 se falou muito em manejo florestal e cultivo de eucalipto. Estes projetos são acompanhados pela Semar? Existe interesse de investidores neste setor?



Estamos trabalhando com as duas coisas. Tem manejo florestal com floresta nativa. Infelizmente, essas denúncias irresponsáveis de pseudo-ambientalistas têm paralisado o manejo florestal no Estado. Quando você pára os projetos de manejo florestal, coloca sob pressão o desmatamento ilegal, sem cuidado com o meio ambiente. Todos os setores têm o bom e ruim.
Os bons são bem-vindos e terão apoio do Governo do Estado e os ilegais serão punidos com o rigor da lei. Agora, pode ocorrer tanto o manejo florestal como o cultivo do eucalipto.
Não podemos ficar preso a um modelo apenas. Os dois podem transformar o Piauí num grande pólo de produção madeireira para todos os fins, seja a biomassa para produção de energia, para indústria siderúrgica ou para móveis. O governador tem em mente um grande programa florestal para o Piauí com o apoio da Codevasf, mas esse programa não se prende apenas a um tipo de modelo de produção. Primeiro, o eucalipto pode ser utilizada em áreas já degradadas e onde tem a vegetação nativa se usa o manejo florestal. As duas coisas podem ocorrer com respeito à legislação ambiental e sem trazer nem um problema.



O Dia – O que efetivamente o Governo do Estado vem fazendo para coibir a produção de carvão no Sul do Estado?



O que está acontecendo no extremo Sul do Estado é que os produtores de soja desmatavam e queimavam a céu aberto toda sua lenha. Hoje, como o carvão tem preço no mercado, ao invés de queimar a céu aberto ele transforma aquela lenha em carvão.
Então, a produção de carvão no Sul do Estado cresceu em razão disso. Antes, era queimado a céu aberto e agora é transformado em carvão nas carvoarias porque o carvão é matéria prima indispensável para fabricar o aço. Agora, ou a gente regulariza as áreas de produção daqueles que respeitam a lei e fiscaliza e proíbe os que estão irregulares ou todo mundo vai querer fazer carvão sem se preocupar com o meio ambiente. Vamos dar licença para quem quer fazer o trabalho corretamente, porque se a gente não fizer, vai ter desmatamento ilegal para produzir carvão. Agora, eu aviso novamente: para fazer isso existem critérios e regras legais que precisam ser respeitadas, porque nós vamos estar atentos para coibir aqueles que não respeitarem as regras.
 
 
Para ver a entrevista no jornal O Dia clique no link abaixo:
 
http://www.portalodia.com/jornal/pages/pdf_14-01-2008_3_20080113230102.pdf