Crescimento econômico amplia oportunidades de trabalho

Setores como construção civil, gráficas, hotelaria e indústria metal-mecânica são alguns dos setores com dificuldade em conseguir profissionais para preencher vagas de trabalho

Enquanto muitos trabalhadores brasileiros reclamam da dificuldade de conseguir um emprego, a multinacional Companhia Vale do Rio Doce está procurando 300 pessoas que queiram receber R$ 3 mil por mês para fazer uma especialização profissional totalmente de graça. Depois de formados, terão emprego garantido na empresa. O perfil procurado é o do profissional formado nos últimos três anos em Engenharia e Geologia e as pós-graduações são em mineração, engenharia ferroviária e em porto.


 


 


O que a Vale está fazendo agora é um reflexo – bastante positivo – do crescimento da economia brasileira que alcançou, estima-se, mais de 5% no último ano. A própria Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, informava, em outubro, o lucro de R$ 15,59 bilhões nos nove primeiros meses do ano de 2007, com aumento de 55% em relação ao mesmo período de 2006. Com a expansão do crédito, a inflação controlada, o aumento no consumo e, no caso da Vale, crescimento das exportações, as empresas brasileiras precisaram abrir mais postos de trabalho.


 


 


Para produzir mais, é preciso mais gente trabalhando. Com isso, em 2007 o Ceará e o Brasil registraram recordes históricos na geração de empregos formais. Foram criados 39.722 novos postos de trabalho no Estado ao longo do ano (18,36% com relação a 2006) e 1,6 milhão de novos empregos com carteira assinada em todo o País.


 


 


Mas poderiam ter sido mais. Segundo o estudo “O mapa do emprego no Brasil”, apresentado em dezembro pelo Instituto de Pesquisa e Econômica Aplicada (Ipea), existem 68.873 vagas ociosas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul. No Nordeste também há oportunidades, mas em alguns setores. “A gente percebeu que o crescimento do Brasil tem apontado uma falta de mão-de-obra qualificada. Conforme o crescimento vem acontecendo, a gente não vem conseguindo acompanhar o ritmo com gente preparada. Isso não é geral. Está acontecendo, principalmente, na indústria de algumas regiões. Em outras está sobrando gente. Nordeste e Sudeste possuem sobra de mão-de-obra no geral, mas falta na indústria”, afirma Ricardo Amorim, pesquisador do Ipea.


 


 


Não é por haver trabalhadores à disposição que todas as vagas são preenchidas. Segundo informações do Sistema Nacional de Empregos/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), as 34 unidades no Ceará captaram 95.728 vagas; 23% delas não foram preenchidas. “Isso se deve ao próprio mercado. Muitas vezes a empresa não espera todo o processo e desiste da oferta, descobre que a vaga pode ser preenchida por outro funcionário da própria empresa, utiliza outros meios de captação ou falta pessoal qualificado para o cargo”, explica Antenor Tenório de Brito Júnior, coordenador estadual da intermediação de profissionais do Sine/IDT-CE. Para ele, um pouco mais de capacitação entre os candidatos e o emprego estaria garantido.


 


 


Uma boa notícia é que as vagas estão sendo oferecidas independente do nível de qualificação exigida. Segundo o Conselho Regional de Medicina (Cremec), há vagas ociosas para médicos no Interior do estado. E os salários não são baixos. Para se ter idéia, médicos para o Programa Saúde da Família (PSF) podem receber cerca de R$ 9 mil por mês.


 


 


Por outro lado, atividades que não requerem tantos anos de estudo também apresentam vagas ociosas. “Eu imagino que se a gente tivesse 200 a 300 carpinteiros a mais (no Ceará) eles teriam emprego garantido”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-CE), Roberto Sérgio Oliveira.


 


 


No mesmo setor, outro grande problema: está faltando engenheiro civil no mercado. Segundo Oliveira, o Ceará é um grande formador de engenheiros, mas a chegada de novas empresas do setor e a falta de profissionais em outros estados estão fazendo com que haja briga entre as construtoras pelos profissionais. “Acho que 30% do pessoal que trabalha na construção civil no Maranhão são daqui. Estão trabalhando lá para voltar depois”, diz.


 


Fonte: O Povo