Sem categoria

Cebrapaz é destaque na luta mundial pela paz

''O futuro de paz será conquistado por nosso presente de luta'', disse o cubano Orlando Fundora, presidente do CMP (Conselho Mundial da Paz), a centenas de delegados de 82 países presentes na Assembléia desta organização, em Caracas, nesta quarta-feira (9

''Em termos práticos, desde a última Assembléia Mundial em 2004, os companheiros do Brasil constituíram o Cebrapaz, e desde então eles têm participado ativamente de vários fóruns e atividades de apoio ao CMP'', disse Fundora. Entre outros êxitos, citou a organização do Movimento Salvadorenho pela Paz e a reestruturação do Congresso Canadense da Paz.



O informe do presidente, com várias citações do poeta, pensador e líder revolucionário José Martí, destacou as muitas ameaças e perigos que rondam a causa da paz. Ele começou pela Guerra do Iraque, ''que pode possivelmente ser um dos maiores genocídios já consumados contra a humanidade'', lembrou as lutas por ''algo tão importante como o petróleo, a água''; destacou, porém – para uma platéia com notável presença latino-americana – o ''ato covarde'' do exército colombiano contra o Equador em 1° de marco. ''A mais responsável resposta foi sem dúvida a reunião dos países do Grupo do Rio, assim como a rápida, oportuna e inteligente ação de Rafael Correa, presidente do Equador'', avaliou.



A fala de Rafael Correa foi seguida por extratos de um relatório do secretário-geral do CMP, o eurodeputado (pelo Partido Comunista da Grécia) Atanassis Pafilis. Há dez anos a sede mundial do CMT transferiu-se para Atenas, onde passou a ter um decisivo apoio por parte dos comunistas e outros lutadores pela paz.



Quase 30 delegados de todos os continentes se inscreveram para comentar os relatórios. As duas falas de representantes israelenses, por exemplo, foram seguidas pela da delegada palestina, com forte convergência de opiniões sobre o conflito do Oriente Médio, outro ponto de destaque nos debates. O orador japonês apresentou um impressionante quadro da luta de seu povo contra a presença das bases militares dos Estados Unidos, em especial na ilha de Okinawa, no sul do arquipélago.



A intervenção da presidente do Cebrapaz, Socorro Gomes, também começou pelo exame da provocação da Colômbia de Uribe contra o Equador. E apontou no episódio o dedo de Washington. ''Há muito que o imperialismo estadunidense substituiu o multilateralismo pela arma, pela ameaça e pela chamada guerra preventiva'', observou.



''O Cebrapaz tem a convicção de que este é um momento em que se acelera a decadência do domínio imperialista. Ele começou no Iraque, que eles pensaram que seria um passeio. De um lado, há as ameaças, mas de outro há as lutas em ascenso'', disse ainda Socorro, a única da delegação brasileira a fazer uso da tribuna da Assembléia.



Como último ponto do dia, a instancia máxima do Conselho Mundial da Paz debateu algumas modificações em seus estatutos. Foi o único ponto da longa jornada de trabalho, com alguns delegados propondo uma outra caracterização e denominação para o cargo de secretário-executivo do CMP.



O encontro da organização prossegue até domingo, quando os participantes assistirao a uma grande manifestação popular em Caracas, para festejar seis anos da derrota do fugaz e sinistro golpe de estado de 11 de abril de 2002. É a primeira vez em 58 anos de existência do CMP que o seu órgão máximo se reúne na América Latina. O simbolismo do local que sedia o encontro – a Venezuela da revolução bolivariana – foi fartamente destacado durante a jornada.



De Caracas, Bernardo Joffily