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Índio acha que navegar na web é mais fácil do que andar em SP

A internet virou uma grande “oca” para os índios. É com esse pensamento que Alex Pankararu, 33 anos, ex-motorista de entrega em São Paulo, coordena o site www.indiosonline.org.br, que aborda temas relacionados

Alex mora em Jatobá (PE), na aldeia Pankararu e fez o primeiro contato com a internet em 2000, pouco tempo depois de voltar de São Paulo para sua terra natal. “Passei dez anos de minha vida trabalhando como motorista de entrega. Deu saudades e voltei para cá”, disse.



Ele disse que o site foi criado depois de a Organização Não-Governamental (ONG) Thydewa editar o livro “Índio na visão do índio”. Para Pankararu, o material impresso era limitado por se esgotar conforme o tamanho da edição. “Na internet, esse conteúdo, feito pelos próprios índios, teria um espaço inesgotável.”


 


Pankararu conta que 13 comunidades indígenas já possuem blogs e são hospedados no site. “Por enquanto, a maioria das tribos são do Nordeste do país. Faz quatro anos que estamos no ar. Esperamos atingir todas as tribos e fazer uma grande indígena na web.”


 


Tecnologia


 


Os índios usam a antena do programa do Governo eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), do Governo federal, para levar acesso à internet e inclusão digital às comunidades que estão fora da rede mundial de computadores. “Conseguimos a antena para sete povos iniciais: os kariri-xocó, xucuru-Kariri, ambos de Alagoas; os Pankararu, de Pernambuco; os kiriri, tupinambá, tumbalalá e os pataxó hã-hã-hãe, da Bahia”, disse Alex.


 


Hoje, o projeto do site já comtepla os povos truká, de Pernambuco; tupiniquins e os guaranis, do Espírito Santo; os potiguaras, da Paraíba; os terena, de Mato Grosso do Sul; e os pankararu, de São Paulo. “O site já está revelando até índios poetas. Temos várias histórias escritas por índios. São reedições de histórias infantis adaptadas para a cultura indígena”, disse Alex Pankararu.


 


Distância


 



Enquanto o sistema de antenas ainda não disponibiliza a conexão de internet em todas as tribos do país, ele disse que os índios usam lan houses para se conectar à web. É o caso da estudante indígena Géssica Sibelis, que vive na aldeia Galego, na Paraíba. A aldeia dela não tem sinal para internet. “Eu bem que queria ter internet perto de casa. Tenho de usar lan houses e andar de ônibus para chegar perto de um computador.”


 


Essa distância do sistema e dos equipamentos faz com que a estudante tenha dificuldades para navegar. “Montei uma página no Orkut faz um ano, mas pouco mexo. Só no começo deste ano que fiz um MSN (programa de mensagens instantâneas). Quando preciso fazer pesquisa na internet, preciso da ajuda de amigos para conseguir fazer trabalho para a escola.”


 


Fonte: G1