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Vietnã: delegação do PCdoB visita túneis dos guerrilheiros em Cu Chi

Talvez a visita mais emocionante da delegação do PCdoB à República Socialista do Vietnã tenha sido esta aos túneis dos guerrilheiros da Frente de Libertação Nacional no Distrito de Cu Chi, cerca de 60 Km da cidade de Ho Chi Minh. Renato Rabelo, presidente

Impuseram, dizia a mensagem, “uma derrota ao imperialismo mais poderoso daquela época. Glória aos bravos e heróicos combatentes de Cu Chi”. Nesta visita os comunistas brasileiros estavam acompanhados do embaixador do Brasil no Vietnã, João de Mendonça Lima Neto.


 


Logo ao chegar à região de Cu Chi, a delegação brasileira foi recebida com muita atenção e carinho pela equipe que trabalha na preservação desta memória viva da luta revolucionária pela libertação da pátria vietnamita. O anfitrião que orientou a visita foi um guerrilheiro – Huynh Van Chia – que lutou ali mesmo naqueles túneis e que perdeu um braço e um olho na explosão de uma granada durante a guerra.


 


Com muita simplicidade e espírito didático, explicou a epopéia da luta guerrilheira em condições extremamente difíceis. Procurou, num primeiro momento, situar a região dentro do cenário da guerra. Cu Chi se encontrava numa localidade de grande importância estratégica para quem visava chegar à antiga Saigon. Ficava perto do entroncamento de estradas que levavam ao Camboja e à Tailândia. Estava implantada, naquela região, uma grande base militar norte-americana, a 25ª Divisão das tropas dos Estados Unidos em ação conjunta com os soldados do governo títere de Saigon.


 


Resistência às invasões
Já durante o período da luta pela expulsão dos colonialistas franceses, em 1948, os vietnamitas começaram a construir este complexo de túneis com o objetivo de resistir aos invasores estrangeiros. Em meados da década de 1960, entretanto, foi quando o complexo de túneis ganhou sua dimensão maior: 250 km de túneis espalhados por 17 mil hectares de terra. Esta área, que antes da guerra era conhecida do povo da cidade de Saigon como um local aprazível – onde se realizavam muitos piqueniques, região de plantação de frutas e em função destas características, muito agradável pela temperatura amena – foi transformada em terra arrasada, sofrendo o bombardeio de mais de 500 mil bombas de vários tipos e de 400 mil quilos de armas químicas, extremamente tóxicas. A partir de 1966, a vida dos guerrilheiros se desenvolveu praticamente abaixo da terra até o final da guerra, em 1975.


 


A arquitetura do complexo envolvia um sistema de túneis de vários andares. Uma parte deles foi cavada a quatro metros de profundidade, outros a seis metros e um último nível, mais profundo, a oito metros abaixo do nível do terreno. Tratava-se de um verdadeiro labirinto onde os guerrilheiros se movimentavam agachados, construindo salas para o comando operacional, para o serviço médico, para as refeições (basicamente arroz e mandioca) e para o descanso da tropa. O último guerrilheiro da fila que entrava nos túneis deveria fechar o buraco com uma camuflagem para não serem descobertos. Este sistema materializou a criatividade, a inteligência e o orgulho dos habitantes de Cu Chi, símbolo do heroísmo revolucionário do povo vietnamita.


 


Engenharia revolucionária
Os túneis foram cavados com pequeninas pás e a sobra de terra era levada em cestos de palha para as margens do rio que por lá passava. O sistema de ar foi cuidadosamente concebido para se pudesse permanecer nos túneis por longos períodos. Havia um respiradouro a cada 15 metros de túnel. Um cozinheiro vietnamita inventou outro sistema para dispersar a fumaça gerada pelas cozinhas dos túneis, de forma que não pudessem ser localizadas. Cada fogão à lenha tinha cerca de dez válvulas de escape.


 


A entrada dos túneis era estreita e dificultava em muito que – na eventualidade de serem descobertos – estes túneis pudessem ser invadidos por norte-americanos, geralmente homens da alta estatura e peso muito acima dos guerrilheiros, que geralmente eram magros e baixinhos. Alguns compartimentos dos túneis se transformaram em verdadeiras oficinas, onde armas capturadas dos soldados americanos eram transformadas em outras pecas caseiras de artilharia e destruição utilizadas pelo povo na resistência.


 


Ao mesmo tempo, os guerrilheiros e a população de Cu Chi não abandonaram suas atividades produtivas. À noite, cuidavam das plantações de arroz e mandioca. Durante o dia combatiam os inimigos da nação. Os Estados Unidos tentaram transformar Cu Chi em terra morta, mas os guerrilheiros lutaram bravamente e estudavam, plantavam, se alimentavam, comercializavam seus produtos, desenvolviam diversas formas de arte, especialmente a militar, até a vitória final com a expulsão dos imperialistas norte-americanos do solo vietnamita. Um dos generais americanos confessou aos jornalistas durante a guerra: – “Os guerrilheiros vietcongs não são vistos, mas estão em toda a parte”. Foi assim, em síntese, disse o ex-guerrilheiro Van Chia que monitorou a visita, que Cu Chi ficou conhecida para sempre como a “Terra de Ferro, Cidadela de Bronze”.


 


A delegação brasileira é composta por Renato Rabelo, presidente do PCdoB, Carlos Diógenes (Patinhas), presidente do PCdoB do Ceará, Andréa Diniz, do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim (MG) e membro do Comitê Central.


 


 


De Cu Chi, Vietnã,
Pedro de Oliveira