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Em reunião inédita, Brasil busca consenso sobre o etanol

Energia, alimentos e a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU) são as prioridades na lista de assuntos que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, discutirá nesta quinta-feira (15) na primeira reunião formal dos ministros de Relações Exte

“O que os une é o fato de que os quatro têm e terão muito a dizer ao mundo em diversos temas, desde assuntos energéticos e de alimentação até a reforma de organismos internacionais”, disse Amorim, comemorando o ineditismo do encontro, a ser realizado na cidade russa de Ecaterimburgo – a terceira maior da Rússia, mais conhecida como o local onde os revolucionários bolcheviques mantiveram presa e depois assassinaram a família do último czar, Nicolau II.



Como exemplo do que imagina possível com a aproximação entre os Bric, Amorim vai propor aos ministros de Relações Exteriores de Índia, China e Rússia um encontro dos ministros da Fazenda dos quatro países, para cobrar, juntos, maior peso dos emergentes nos mecanismos decisórios órgãos financeiros internacionais, como o Banco Mundial e o FMI. O FMI concluiu neste ano uma reforma em seu conselho executivo, que deu maior poder de voto a Brasil, China e Índia, em detrimento de países como França, Reino Unido e Arábia Saudita. Mas Amorim se diz insatisfeito com o pequeno grau de influências dessas economias nas organizações multilaterais.



O encontro vem sendo apresentado por autoridades da Índia, na imprensa local, como uma oportunidade de mudar a explicação internacionalmente divulgada para os aumentos mundiais dos preços de alimentos, atribuídos à crescente demanda por comida nas populações indiana e chinesa. Para os indianos, os culpados são os subsídios agrícolas dos países ricos, que desestimulam a produção agrícola nas economias menos desenvolvidas – tese muito do agrado do Itamaraty.



Além das conversas sobre energia, alimentos e reforma da ONU, FMI e Banco Mundial, na agenda dos ministros estão previstas discussões também sobre a situação econômica criada a partir da crise no mercado imobiliário dos EUA, desarmamento e terrorismo, mudança climática e cooperação para projetos de desenvolvimentos em terceiros países.



Amorim indica que pretende repetir, com a reunião dos Bric, o tipo de aliança de forte conteúdo político firmado com Índia e África do Sul no grupo denominado Ibas, que, além de ações de ajuda a terceiros países, como Guiné-Bissau e Haiti, abriu espaço até para realização de manobras navais conjuntas no Atlântico Sul. Os outros componentes dos Bric já vêm fazendo reuniões regulares, e devem ter um encontro sem a presença do Brasil no dia seguinte à reunião ministerial com todos os quatro. Os ministros já decidiram que passarão a fazer reuniões periódicas em cidades do mundo que hospedam instituições multilaterais, e em todas as Assembléias gerais da ONU, em Nova York.



Fonte: Valor Econômico