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Conam: para Bartíria, marca do 10º Congresso foi a unidade

Em entrevista ao Vermelho, a carioca Bartíria Perpétua Lima, eleita a primeira mulher presidente da história da Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores) – durante o 10º Congresso da entidade, realizado de 21 a 25 de maio em Lauro de F

Segundo Bartíria, a marca do 10º Congresso da Conam foi a unidade. Eleita por uma chapa única e ampla, com 63 membros, 21 deles na direção executiva, ela coordenará uma gestão em que, além de independentes, participam o PCdoB, PT, PSB e PDT, além de lideranças locais do PPS, PR, PMDB, entre outras forças.


 


Leia abaixo a entrevista.


 


Qual foi a marca política do 10º Congresso da Conam? 
A grande marca política do Congresso foi a unidade. Isso, para todos nós do movimento, significou uma grande vitória, expressa na chapa única conformada no congresso.


 


Qual é o principal eixo aprovado pelo congresso no plano nacional de lutas da Conam?
O principal eixo diz respeito à luta pela reforma urbana, pela habitação e moradia, saneamento e transporte. Mas também aprovamos uma agenda de mobilização intensa, porque sabemos que a mobilização é fundamental. Essa agenda começa agora no dia 28, em Brasília, no Dia Nacional de Mobilização pela redução da jornada de trabalho das centrais sindicais.


 


Em seguida, teremos no dia 18 de junho, uma audiência pública, também na capital federal pela aprovação de uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) que vincula recursos dos municípios, estados e União para a habitação. Já no dia 19, a Conam se somará à Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), na Jornada pela Redução das Taxas de Juros. Por fim, em novembro, estaremos nas ruas com o Fórum Nacional da Reforma Urbana (FNRU) promovendo uma grande manifestação em defesa desta bandeira. O nosso desfio é continuar com o movimento iniciado no 10 º Congresso. Tem que ter a luta. Sem ela, não há possibilidade de conquistas. 


 


Além das questões relativas à reforma urbana, que outros temas estavam presentes no congresso?
Um dos temas mais caros ao congresso foi o desenvolvimento econômico e a soberania nacional. Na questão da mulher, nós aprovamos um grupo de trabalho que formulará e debaterá melhor questões como o aborto, por exemplo. Já sobre a questão racial, ainda estamos amadurecendo como tratar mais e melhor esta pauta, embora seja consenso que ela é muito importante para o movimento.


 


Por ora, temos o departamento de direitos humanos, que busca tratar não só da questão racial, mas também de outros temas. Hoje já contamos com um departamento de juventude, por reconhecermos a importância da juventude no movimento. Nesse congresso nós ampliamos o número da diretoria. O objetivo é ir ampliando mais a cada novo acúmulo sobre outros setores importantes para o movimento comunitário.   


 


Segundo o congresso, o que está em jogo nas eleições de 2008?
As eleições de 2008 são um termômetro para 2010. Nós atuaremos nestas eleições em conjunto com o FNRU, através da campanha “Olho no seu voto”, que busca conscientizar a população sobre que candidatos estão mais comprometidos com as bandeiras do movimento comunitário. Ainda não fizemos um levantamento nacional, mas já sabemos que muitas lideranças do movimento devem se candidatar nestas eleições municipais. A Conam, em parceria com o FNRU, também deve apresentar uma plataforma eleitoral com as suas reivindicações a todos os candidatos de 2008.   


 


Segundo o documento base do 10º Congresso, inúmeras associações de moradores sofrem com a perseguição e criminalização, pelo governo, às rádios comunitárias. Quais os apontamentos do congresso em relação a esse problema?
De fato, a repressão tem sido muito forte. Mas, mais do que liberdade para tocar as rádios comunitárias, o congresso discutiu a necessidade de as rádios populares serem de fato comunitárias. Se o governo está fechando as rádios, nós temos que nos mobilizar cada vez mais para resistir — mas também para garantir que essas rádios realmente estejam a serviço da comunidade, e não de outros interesses. O interessante é que essa questão foi muito comentada ao longo do congresso, recebendo muitas emendas.  


 


Apesar de ter 26 anos, a Conam só elegeu em 2008 sua primeira presidente mulher. Na sua opinião, a sua eleição pode iniciar um novo ciclo, com mais mulheres atuando em postos importantes das direções estaduais e nacional da Conam?
Para mim, essa eleição não foi uma questão de gênero, porque poderia ser qualquer outra mulher. O mais importante é assegurar que a condução política da Conam continue no rumo certo. Acho que a minha eleição é resultado de uma trajetória militante de muito tempo e também do investimento que a Conam tem feita nas suas lideranças mulheres.


 


Nunca tive problemas por ser uma mulher dirigente do movimento, e eu percebo que a presença das mulheres é muito forte no movimento comunitário. É um novo ciclo, mas é uma responsabilidade muito grande. Todos os presidentes homens da Conam foram bons presidentes porque apresentaram uma política acertada para a entidade. Pretendo continuar esse trabalho. Agora, é claro que me sinto muito orgulhosa de ser a primeira mulher a dirigir essa entidade. Que ela continue com o respeito que tem, tanto nacional quanto internacionalmente.