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RS: Escândalo força Yeda a mudar alto escalão do governo

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), anunciou neste sábado (7) a demissão de três membros do primeiro escalão do governo e do comandante-geral da Brigada Militar (a PM gaúcha). A governadora tucana enfrenta a maior crise de seu go

 


 


Segundo a tucana, as cartas de demissão do chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, do secretário-geral de Governo, Delson Martini, do chefe do escritório do Estado em Brasília, Marcelo Cavalcante, e do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Nilson Bueno, foram apresentadas na noite de sexta (6).



A mudança, a maior no primeiro escalão desde a posse de Yeda, em 2007, veio como uma tentativa de amenizar a crise política agravada na semana passada com a divulgação de grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal e de conversa gravada pelo vice-governador e adversário político de Yeda, Paulo Feijó (DEM), em que Busatto reconhece o uso de estatais no financiamento de campanhas eleitorais.



A tucana tem conduzido seu mandato por um campo repleto de denúncias, a exemplo do que ocorre na Paraíba, outro estado governado pelo PSDB.



O ex-chefe da Casa Civil, que não sabia que sua conversa com Feijó estava sendo gravada, menciona o PP e o PMDB –os maiores partidos da base de Yeda– como beneficiários da prática de desvio de dinheiro público em órgãos estatais que comandam para financiar campanhas eleitorais. São citados o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) como focos destes desvios.



Depois, Busatto disse que se referia a contribuições de servidores filiados aos partidos. As duas siglas, que reúnem 18 dos 55 deputados do Estado, pressionaram Yeda pela demissão.



Apesar de demitir os secretários envolvidos, as baterias de Yeda se voltaram mesmo contra o vice-governador. Ela classificou o comportamento do vice como ''indigno'' e ''insólito''. Disse que a gravação ''não tem valor ético ou moral''. ''Quando alguém não sabe que estava sendo gravado, quem estava gravando pôde fazer o teatro que bem quis.''



Feijó: eu posso gravar



Em declaração à reportagem do jornal Zero Hora, Feijó Não quis comentar a entrevista coletiva da governadora. Ele disse que irá se pronunciar somente nesta segunda-feira (8) e acrescentou que sua manifestação dependeria do que o ex-chefe da casa civil Cézar Busatto dirá à CPI.


Busatto havia dito na sexta-feira que Feijó era ''um golpista'' e ''mau caráter''. Em resposta, Feijó disse que as acusações contra ele ''não colam''. ''O que ele disse sobre a minha pessoa não me afeta, não cola. Estou muito consciente do que estou fazendo, e, por conseqüência, vamos aguardar'', falou o vice-governador.


Já sobre a gravação, Feijó ponderou que sua condição de vice-governador o permite gravar as conversas oficiais. ''Entendo que estava — e estou — vice-governador, estava no palácio e na sala do vice-governador, o assunto era de governo, não era particular. Por conseqüência, entendo que tudo que é de governo eu posso gravar. Sou governo, faço parte do governo'', disse feijó.


 


Relação com Ferst



A governadora também negou ter tomado conhecimento da carta enviada pelo empresário tucano Lair Ferst, apontado pela PF como um dos pivôs do desvio de R$ 44 milhões no Detran. Na carta, recebida por Cavalcante, Ferst descreve o funcionamento da fraude e cita sua participação na campanha de Yeda em 2006.



A governadora defendeu Cavalcante. Afirmou que a carta não trazia provas da existência do esquema no Detran. Sustentou que sua relação com Ferst é partidária. ''Lair é militante do PSDB. Hoje está afastado, esteve presente em todos os momentos como militante.''



Yeda afirmou que a crise não abalou o relacionamento com os aliados nem a confiança da população no governo. ''Mostrem que o povo gaúcho não confia no meu governo'', desafiou Yeda, sem levar em conta que já na sexta-feira uma manifestação estudantil pediu seu impeachment e uma série de protestos estão está endo organizada pelos movimentos sociais.



A mudança no secretariado, afirmou Yeda, não vai alterar seu modelo de gestão ''baseado em resultados'', mesmo com a saída de Delson Martini, que coordenava projetos prioritários do governo. Martini foi citado por acusados de participar da fraude do Detran em diálogos interceptados pela PF.



Bueno, da Brigada Militar, pediu demissão após ter sido denunciado pelo Ministério Público Militar por uso irregular de diárias.



Em pronunciamento veiculado na noite deste sábado em rádios e TVs gaúchas, a tucana defendeu sua gestão e disse, na única menção à crise, que ''o desenvolvimento do Rio Grande do Sul não será afetado por ataques desleais''.



Até a manhã deste domingo, nenhuma liderança nacional do PSDB havia manifestado publicamente solidariedade à governadora.


 


Entenda a crise


 


A crise começou quando a PF deflagrou uma operação contra um esquema que desviou R$ 44 milhões no Detran gaúcho.


 


Na última quarta, a CPI instalada apresentou 34 grampos feitos pela PF.


 


Nas ligações, acusados de participar do esquema citam Delson Martini como alguém que tinha conhecimento da fraude.


 


Na semana passada, veio a público uma carta escrita pelo empresário gaúcho e tucano Lair Ferst.


 


Na carta, dirigida à governadora, Ferst fala de sua participação na campanha de Yeda e denuncia a fraude do Detran.


 


A crise se agravou sexta-feira (6), quando o vice-governador Paulo Feijó entregou à deputada petista Stela Farias uma gravação de uma conversa que manteve com o chefe da Casa Civil, César Busatto, em 26 de maio.


 


Ele liga o uso do Banrisul e do Detran – sob o respectivo controle político do PMDB e do PP – ao financiamento de campanhas eleitorais.


 


Os dois partidos pediram então a demissão imediata do secretário.


 


O PP se reúne amanhã para discutir a permanência ou não no governo.


 


O agravamento da crise levou Yeda a convocar uma reunião do conselho político do governo e logo depois anunciar as demissões de parte de seu secretariado.


 


Da redação,
com agências


 


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