Câmara ignora campanha e mantém veto a entrevistas do 'CQC'
A campanha lançada pelo programa CQC (Custe o Que Custar), da Band, para que os repórteres do programa possam entrevistar parlamentares nas dependências do Congresso Nacional não sensibilizou os servidores da Câmara responsáveis pelo acesso do gr
Publicado 10/06/2008 19:00
A assessoria de imprensa da Câmara também alega que os integrantes do programa não cumpriram o compromisso firmado com Casa quando realizaram gravações com os parlamentares, há duas semanas, nas dependências internas do Legislativo. A Câmara afirma que, na ocasião, os integrantes do CQC foram alertados sobre a impossibilidade de realizarem perguntas aos deputados e senadores que depreciassem a imagem da instituição – mas insistiram em perguntas constrangedoras.
Outro argumento utilizado pela Casa é que a legislação brasileira impede a cessão de espaços públicos para a gravação de programas sem fins jornalísticos – embora permita exceções temporárias. A Câmara nega, porém, que haja um veto específico ao CQC – mas, sim, a regra de que programas humorísticos não podem usar o espaço do Congresso para realizar o seu trabalho.
No caso específico do CQC, a Câmara ainda argumenta que o grupo solicitou inicialmente o pedido de credenciamento como jornalistas da TV Bandeirantes. Ao constatar que os pedidos eram referentes ao programa, a Casa decidiu negar o pedido de credenciamento.
Campanha
A campanha foi lançada pelo CQC na TV, rádio e internet. O objetivo é reunir apoio de formadores de opinião, como artistas, escritores e jornalistas, para reunir assinaturas favoráveis ao retorno do programa ao Congresso. Serão veiculadas chamadas na rádio e na TV para que o Congresso permita a entrada da equipe do CQC.
No site do programa, o grupo argumenta que “o regime democrático prevê livre acesso aos políticos e parlamentares responsáveis por zelar por esse mesmo regime – direito que foi 'retirado' dos repórteres do CQC“. Os integrantes do programa afirmam que são jornalistas de formação e, por esse motivo, estariam autorizados a receber credenciais que autorizam a circulação do grupo no Congresso.
“A alegação de que os profissionais do CQC não seriam jornalistas, e que por isso não poderiam ter acesso à Câmara/Senado, não se sustenta. O CQC é um programa jornalístico e seus repórteres (também jornalistas) realizam perguntas e questionamentos inerentes a essa profissão. A pauta da atração é questionadora e pouco tradicional, mas respeita os limites éticos exigidos pelos padrões da imprensa nacional”, afirma o site.
Ao contrário dos humoristas, os jornalistas que apresentam documentação completa e comprovam vínculo com empresas jornalísticas são autorizados a receber credenciais da Câmara e do Senado – depois de terem os pedidos analisados pelas áreas responsáveis das Casas Legislativas.
Histórico
O ingresso de humoristas no Congresso Nacional é uma polêmica antiga no Legislativo. Humoristas de programas como Casseta e Planeta, da TV Globo, e Pânico na TV, da Rede TV!, também já foram impedidos de ingressar nas dependências do Congresso para a realização de entrevistas.
Em fevereiro do ano passado, os integrantes do Pânico foram barrados pelos seguranças do Congresso ao tentar entrar para cobrir a posse dos senadores e deputados recém-eleitos. Os atores estavam fantasiados de presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e do falecido deputado Enéas Carneiro.
O Casseta e Planeta, por sua vez, foi barrado na primeira tentativa de ingressar no Congresso. Mas, a exemplo do CQC, foi autorizado para realizar algumas gravações dentro da sede do Legislativo desde que não ofendessem os parlamentares – embora estivessem monitorados por seguranças.
Da Redação, com informações da Folha Online