Febre: Amy Winehouse inspira moda, DJs e campanha antidrogas
A autodefinição “sou feia, mas tô na moda” proferida certa vez pela funkeira Tati Quebra-barraco cabe como uma luva – ou como uma peruca armada com palha de aço – para Amy Winehouse. Apesar dos escândalos em série envolvendo drogas e prisões e da degradaç
Publicado 10/06/2008 21:47
Considerada diva com apenas 24 anos, a intérprete do hit Rehab se tornou referência comportamental mundo afora. No Brasil, Amy está em todas: na moda, na noite, na toy art, na novela, e, ironia do destino, em campanhas de combate às drogas.
As primeiras vítimas da “febre Winehouse” foram os fashionistas. O mundo da moda sucumbe de forma progressiva e incurável ao estilo único da cantora, com seus vestidinhos de pin-up, o número sem fim de tatuagens e os olhos carregados de delineador. Sem contar o cabelão, que ganha consistência na mesma proporção com que Amy se mete em encrenca.
“Ela é a nova Brigitte Bardot!”, derreteu-se o poderoso Karl Lagerfeld ao colocar na passarela do pré-inverno 2009 da grife Chanel modelos caracterizadas como a artista. Quem também se rendeu à “Amymania” foi o designer de jóias Guerreiro. O catálogo da nova coleção, que acaba de chegar às suas lojas na rua Oscar Freire e na Daslu, é todo inspirado no estilo rocker-romântico da cantora.
Cinqüentinha
Amy Winehouse não serviu de inspiração para a coleção do verão 2009 de Wilson Ranieri, que será apresentada na passarela da São Paulo Fashion Week, no dia 21. Mas o estilista encontrou um modo todo particular de reverenciar a cantora.
Ranieri assina a produção à la Amy das DJs do grupo WWW (Woman and Woman and Woman). Formado pelas “women” Rosana Rodini, Carol Nogueira e Marina Sasseron, o trio tem feito sucesso em festinhas badaladas na noite paulistana, com sua seleção de músicas kitsch e os looks nada convencionais.
“As meninas já se apresentaram fantasiadas de 'Amy' algumas noites e foi incrível”, garante o estilista. “Usei peças da minha marca e garimpei outras coisas em brechós. Tudo bem ao estilo cinqüentinha da Amy”, explica.
Para as garotas que querem seguir o tal “estilo cinqüentinha”, Ranieri dá a dica. “Amy é retrô, mas é um retrô reinventado: usa calça cigarretes, mas com um cinto de tachas, bem roqueiro. O cabelo não precisa de chapinha, é só colocar uma palha de aço por baixo para deixar bem alto”.
Quem segue a receita é a cantora Miranda Kassim, outra que tem arrebatado fãs no circuito moderninho de baladas paulistanas. À frente da recém-formada banda I Love Amy, a moça interpreta todo o repertório da diva inglesa. E vestida a caráter.
“Amy é apaixonante pela carga de nostalgia que traz em suas performances. Ela é genial, pena que seus problemas parecem ganhar cada vez mais a atenção da mídia do que seu trabalho”, analisa Miranda, que viu sua carreira ganhar impulso desde que se tornou “cover” da cantora. “Tenho vários shows marcados. Amy atrai a atenção do público”.
Amy, a favorita
Os olhos carregados de delineador – marca registrada de Amy – inspirou a equipe de caracterização da novela A Favorita a criar o visual da patricinha rebelde Alícia, personagem de Taís Araújo. “Quando li a sinopse da novela e vi o perfil da Alícia, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a Amy Winehouse”, conta o maquiador Alê Souza.
Moda lançada em novela é moda que ganha as ruas. Então é de se esperar que nas próximas semanas, garotas que nunca ouviram falar da cantora britânica apareçam por aí com os olhos tingidos de preto.
“Tenho muita pena dela, completamente perdida e no olho do furacão. Está se destruindo enquanto o mundo todo assiste. Torço para que ela não termine como a Janis Joplin ou o Jim Morrison”, lamenta o maquiador.
Comovida pela trajetória conturbada da cantora, a atriz Giselle Itié posou para as lentes da fotógrafa Hanna Jatobá caracterizada à imagem e semelhança de Amy Winehouse. O ensaio virou tema da exposição Save Amy, em cartaz até 30 de junho no Instituto Cine Cultural, em São Paulo.
A mostra, segundo Giselle, tem o objetivo de “levar aos jovens o questionamento sobre os limites do prazer com o abuso de drogas”. “Fico revoltada com a forma como estão banalizando o problema da Amy. A mídia chegou a mostrá-la fumando crack e ninguém faz nada para ajudá-la! Alguns até mostram como um estilo 'cool' de se comportar”.
As fotos serão vendidas ao longo da exposição e parte da renda será doada para programas de combate às drogas. “Acho que essa, sim, é uma forma positiva de tratar o problema. Ver um talento tão jovem se perder por causa de drogas e tratar como se fosse um reality show é uma postura terrível”, opina a atriz.
Miranda Kassim, a “Amy cover”, tem fé que sua musa dará a volta por cima e deixará de dar negativas para a 'rehab'. “Ela é muito jovem e está envolvida com más companhias. Em breve se tocará disso e vai procurar ajuda”, opina. “Ainda vou bancar muito a Amy por aí”.
Fonte: G1