Teerã condena sanções e “atitude de duas caras” da Europa
O governo do Irã deplorou nesta terça-feira, 24, as sanções impostas pela União Européia (UE) como “paradoxais” e “injustificáveis” e “de duas caras”. Advertiu que elas não levarão ao abandono do programa iraniano de energia nuclear mas poderão prejudicar
Publicado 24/06/2008 20:08
“Essa atitude ilegal e contraditória, de duas caras, num momento em que propostas estão sendo estudadas, não tem sentido”, disse o porta-voz oficial iraniano, Mohamad Ali Hosseini. Ele considerou que resolução paradoxal e “uma política de dois pesos e duas medidas”, segundo a emissora de TV iraniana Alalam.
As referências a “duas caras” e “dois pesos e duas medidas” têm endereço certo: Israel, que conforme analistas independentes não só desenvolveu um programa nuclear próprio como empregou-o para fins militares. Os especialistas calculam que Israel tenha produzido entre 80 e 200 ogivas nucleares.
As medidas “não criarão um clima propício à solução da questão através da diplomacia”, agregou Ali Hosseini.O Irã ainda estuda um conjunto de incentivos dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha (5+1) para solucionar a polêmica gerada por seu programa nuclear, que Teerã proclama possuir objetivos energéticos e não militares.
A proposta das seis grandes potências (EUA, Reino Unido, França, Rússia, e Alemanha) foi entregue aos iranianos no último dia 14 pelo chefe da diplomacia européia, Javier Solana. Teerã tinha apresentado semanas antes sua própria proposta ao 5+1, e o governo iraniano disse que estava disposto a negociar os “pontos comuns” dos dois planos, mas insistiu em que não suspenderá o enriquecimento de urânio.
A UE aprovou na segunda-feira novas sanções contra entidades e personalidades iranianas, entre elas o Banco Melli, principal instituição bancária do Irã, alegando que o Irã mantém seu programa nuclear, que o Ocidente suspeita que tenham fins militares. Os Estados Unidos, que encabeçam a campanha contra o programa, saudaram o gesto europeu.
“Adotar esta política e ignorar os direitos legítimos dos iranianos não nos fará abandonar nossa caminhada em direção ao desenvolvimento tecnológico”, disse Hosseini, que advertiu que a nova decisão “não ajuda a obter uma solução pela via diplomática”.
“A UE deve respeitar os direitos de nosso povo, aplicar as cláusulas do Tratado de Não-Proliferação (de armas nucleares) e retornar à via pacífica conforme os pontos comuns nas duas propostas”, acrescentou o porta-voz.
O Irã, que considera que o Tratado de Não-Proliferação lhe dá direito a desenvolver um programa atômico civil, rejeita as acusações de tentar fabricar a bomba atômica, por isso se opõe a suspender o enriquecimento de urânio, uma matéria de duplo uso, militar e civil.
Da redação, com agências