Nepal inicia definição de governo e constituição
A Assembléia Constituinte (AC) do Nepal foi convocada para uma decisiva sessão no sábado (28), para definir a criação do governo e da constituição da futura república federal democrática do Estado.
Publicado 27/06/2008 20:07
Nesta sexta-feira, os principais partidos da recém fundada república — que se livrou de um regime monárquico feudal em 28 de maio — tratam de dirimir as discrepâncias pendentes para fazer avançar o processo de transição democrática.
Na quinta-feira, foi submetido ao plenário de 601 representantes o projeto de 22 emendas constitucionais, mas os delegados dos agrupamentos políticos da região de Madhes interromperam a sessão em protesto sob o argumento de que suas demandas não foram incluídas.
O Fórum pelos Direitos do Povo Madhesi (MPRT), o Partido Democrático de Terai Madhes (TMDP) e outros grupos aliados minoritários exigem que essa região seja declarada uma província autônoma.
O MPRT e o TMDP são a quarta e quinta forças políticas no país pela quantidade de deputados na AC, ainda que muito afastados numericamente dos três principais partidos: o Comunista (Maoísta), o Comunista Unificado Marxista Leninista e o Congresso Nepalês.
Madhes é uma faixa de terreno plano no sul do Nepal fronteiriça com a Índia, onde a população é de origem indiana e prevalece o hinduismo como credo.
Além disso, pedem que a distribuição de cargos nos órgãos do estado reflita proporcionalmente a estrutura demográfica da população.
Bijaya Kumar Gachhdar, líder do MPRT, reclama que essas duas reivindicações, aceitas e incluídas pelo governo interino no projeto de emenda elaborado no passado março, não figuram no apresentado agora ante a AC.
Por outro lado, Pushpa Kamal Dahal, cujo partido maoísta encabeçará o futuro governo, assinalou que a decisão de Girija Prasad Koirala de renunciar ao cargo de premiê interino abre o caminho para formar a nova autoridade republicana.
Dahal, mais conhecido popularmente como Prachanda, reiterou a vontade de sua organização de trabalhar com todos os partidos na formação de um governo de coalizão.