CNA pede a presidente da África do Sul que renuncie

O Congresso Nacional Africano (CNA), partido governante na África do Sul, pediu neste sábado (20) que o presidente do país, Thabo Mbeki, deixe o cargo, após acusá-lo de participar de uma suposta conspiração política para impulsionar o processo por corr

Zuma tem o apoio da esquerda do CNA, representada principalmente pelo Partido Comunista da África do Sul e pelo Cosatu (Confederação Sul-Africana de Sindicatos, o braço sindical do próprio CNA).



O secretário-geral do CNA, Gwede Mantashe, disse que o Comitê Executivo Nacional tinha decidido pedir a Mbeki que renuncie “antes do fim de seu mandato”, no próximo ano, situação inédita na África do Sul desde o final do “apartheid” –política de segregação racial que vigorou de 1948 a 1990.



Mantashe afirmou que o pedido ao presidente para que renuncie foi apoiado por Zuma, que foi vice-presidente de Mbeki até ser destituído em 2005 depois que seu assessor financeiro, Schabir Shaik, foi condenado a 15 anos de prisão por solicitar subornos, supostamente em seu nome –o que foi negado pelo líder do CNA.



O secretário-geral do partido também insistiu em que a decisão foi adotada para manter a “estabilidade” da legenda, onde houve uma forte luta interna desde que Zuma venceu Mbeki, em dezembro, como líder do CNA e candidato à Presidência do país.



Para Mantashe, a medida servirá para “dar estabilidade, unir e curar as feridas do partido”.



O secretário do CNA manteve um tom conciliador com Mbeki e afirmou que a decisão “não é um castigo” para o governante, que, se não renunciar voluntariamente, será submetido a um voto de censura no Parlamento, onde a legenda é maioria, para decidir se finalmente é cassado.



A esquerda do CNA, principalmente o líder das juventudes, Julius Malema, acusou Mbeki de conspirar para promover o processo de Zuma por corrupção. O presidente do partido é favorito para o pleito presidencial da África do Sul de 2009.



Mbeki negou as acusações, as quais qualificou de “insultos”, e destacou que “não há fatos que as respaldem”. “A liberdade de expressão é o direito de dizer mentiras?”, questionou, em referência a dirigentes de seu próprio partido.



Também negou que influísse na Promotoria para recorrer da decisão do juiz Chris Nicholson, do Tribunal Superior de Pietermaritzburg, que, sem determinar se Zuma era culpado de corrupção, o liberou na sexta-feira (19) das acusações que pesavam contra si por erros em sua atuação fiscal.



Comentaristas políticos locais e alguns altos cargos do CNA tinham afirmado que os partidários da destituição de Mbeki querem que esse renuncie sem provocar maiores conflitos internos ou a renúncia em bloco de seus ministros, que poderiam causar problemas políticos e comprometer a estabilidade do sistema.



No entanto, o vice-presidente, Phumzile Mlambo-Ngcuka, já disse que renunciará se Mbeki deixar o cargo, logo após saber da decisão da direção do CNA, segundo informou a agência local de notícias Sapa. 



Fonte: Efe