Presidente do PCdoB/Bahia comemora o grande êxito nas eleições

Em entrevista ao portal Vermelho, o presidente estadual do PCdoB, Péricles de Souza, traça um balanço das eleições municipais em todo o estado, e comemora o crescimento da legenda na capital e interior: ''O saldo é extraordinário. Estamos elegendo 18

Confira a entrevista na íntegra:


 


Vermelho – Qual o balanço das eleições na Bahia até o momento?


 


Péricles de Souza – Não pudemos ainda fazer um balanço completo, porque são 417 municípios e não deu tempo de olhar o resultado final de todos, até porque tem um certo problema no sistema de apuração do TRE com relação a vereadores.


 


V – Mas o que é possível destacar diante do que já foi apurado e divulgado?


 


PS – Primeiro, há uma mudança no mapa político-eleitoral da Bahia, como se costuma dizer. Essa é a primeira eleição municipal depois da vitória de Wagner, há dois anos atrás, quando se iniciou um processo de desmantelamento do chamado carlismo, do grupo político do antigo PFL, liderado pelo falecido senador Antônio Carlos Magalhães. O que se verifica é a consolidação do desmantelamento desse grupo político. O numero de municípios que deve eleger prefeitos ligados à base de apoio do governo estadual e federal tende a ultrapassar a casa dos 300 que, em algum momento do passado, era o número que o PFL elegia. O segundo ponto é que, em cima dessa onda, liderada principalmente pelo presidente Lula e o governador Wagner, a eleição se dá num clima de liberdade, de festa, de livre manifestação do pensamento, também nunca antes visto, uma situação nova no estado. Houve pequenos incidentes, mas muito pequenos se comparados às eleições passadas.


 


V – E o desempenho do grupo carlista?


 


PS – Essa é a terceira observação. Em Salvador, o campo do governador e do presidente colocou dois candidatos disputando entre si o 2º turno, do qual não participa o grupo do DEM, que rebaixou a votação e não obteve nem os 30% que, tradicionalmente, sempre conquistou na eleição municipal em Salvador. O candidato Antonio Carlos Magalhães Neto tentava se apresentar como o novo, o jovem do século 21 em contraposição aos antigos; tentava se descolar da origem familiar e do grupo político do DEM, do qual ele é líder na Câmara dos Deputados, mas o eleitorado de Salvador não engoliu essa e se manifestou enfaticamente a favor dos candidatos ligados ao campo do governo estadual e federal; no caso PMDB, PT, PCdoB, PSB e PV. Trata-se, portanto, de uma grande vitória, embora se vá enfrentar uma grande dificuldade para que a disputa entre João Henrique e Walter Pinheiro não signifique prejuízos grandes ou rachaduras no campo político do governo; mas esse é um problema menor. O principal é que ganhamos a eleição dessa forma, levando dois oposicionistas ao DEM e aos PSDB para o segundo turno. O PSDB, por sinal, é o segundo derrotado em Salvador – dois adversários estratégicos nosso, do PT, do projeto que tenta levar o Brasil adiante, liderado por Lula.


 


V – Qual expectativa do PCdoB para 2º turno em Salvador?


 


PS- Ganhar a eleição aliado com PT, PV, PSB, que é aliança do 1º turno, procurando trazer setores, lideranças, personalidades das outras candidaturas para o nosso campo; especialmente do PSDB, liderados por Imbassay, que tiveram atritos muito fortes com o candidato do PMDB no primeiro turno e que, provavelmente, virão para o nosso campo, para a candidatura de Pinheiro. Outro elemento importante a destacar, também, é a participação do PCdoB, que é uma novidade na política municipal e baiana. Nós tivemos, na eleição passada, oito candidatos a prefeito, e não elegemos nenhum. Tínhamos oito prefeituras dirigidas por filiados ao PCdoB: sete cujos prefeitos aderiram recentemente ao partido, e uma, Tânia Portugal que era uma vice-prefeita, que assumiu a vaga do prefeito falecido em São Sebastião do Passé. Depois da legalização do PCdoB, em 1985, nunca se elegeu um prefeito filiado ao partido comunista na Bahia. Agora, estamos elegendo 18 prefeitos e prefeitas, que é um salto, então, extraordinário.


 


V – Qual a sua avaliação do desempenho do PCdoB em todo o estado?


 


PS- Em alguns municípios importantes, como é o caso de Juazeiro, que é a quarto maior município baiano, com 230 mil habitantes, foi eleito o prefeito Isaac da Juagro com uma vantagem de mais 5 mil votos. Em São Sebastião do Passé, município de médio porte na Região Metropolitana de Salvador, a prefeita Tânia Portugal foi vitoriosa em todas as urnas, sem exceção. Além de Gandu, Itacaré, Prado, Ibicoara, Correntina, Ubatã, Serra do Ramalho; enfim, 18 no total. Não temos ainda o fechamento da chapa de vereadores em Salvador e nos demais municípios, mas, certamente, iremos eleger um número maior do que nas eleições passadas, então, para o PCdoB, aqui em plano estadual, é uma grande vitória. Dos municípios importantes em que disputamos, não elegemos em Alagoinhas, onde o nosso candidato, Pedro Marcelino, ficou com 13% dos votos, e em Guanambi, Paulo Costa recebeu mais de 30% dos votos válidos. Foram campanhas lideradas por antigos militantes do partido, que não se elegeram, mas se consolidaram como grandes líderes municipais e regionais. Portanto, avalio como êxito muito grande o resultado do PCdoB na Bahia, ainda que falte o segundo turno em Salvador e computarmos os vereadores e vice-prefeitos e vice-prefeitas eleitos.


 


V – E o que isso representa para o partido nacionalmente?


 


PS- Eu não tenho ainda o balanço dos outros estados, mas, provavelmente, a Bahia foi o estado que elegeu mais prefeitos, vereadores e vices também. Era onde tínhamos mais candidatos competitivos no período anterior à votação, então deve ser um desempenho avançado dentre os estados mais importantes do país.


 


V – E daqui pra frente, quais os planos do partido?


 


PS- Vamos, com certa urgência, reunir esses prefeitos e prefeitas, tratar de unificar o ponto de vista partidário sobre a gestão municipal, e partir para ajudá-los, enquanto direção partidária, na organização de suas assessorias, da transição, composição de seus governos. Enfim, ainda este ano, devemos realizar algumas atividades coletivas com os prefeitos eleitos. Vamos ter uma certa dificuldade, porque ampliamos para um número grande de municípios para o nosso padrão, mas temos que acelerar o passo, formar quadros rapidamente e unificar a linha, a orientação mais geral partidária para o exercício desses mandatos.


 


De Salvador,


Camila Jasmin