Colapso do trânsito é sintoma da falta de planejamento

Em artigo para o Vermelho, o professor Elton Arruda, secretário de Formação do PCdoB-PI, explica os fatores relacionados aos problemas do trânsito em Teresina. Ele faz ainda um alerta sobre a composição da nova Câmara Municipal e os perigos para avaliação

Transito e desenvolvimento



O colapso em que vem se transformando o transito de Teresina é um sintoma da ausência de uma concepção de planejamento urbano ligada ao desenvolvimento econômico e social.



É, em três aspectos, possível provar isso: o primeiro diz respeito ao fluxo de pessoas pela cidade; o segundo tem haver com transito de mercadorias; e o terceiro é a opção pelo carro passeio e utilitários.



No que se relaciona com o fluxo de pessoas é necessário compreender que a possibilidade de se deslocar mais rápido e com menor custo para diversos pontos da cidade, viabiliza a ocupação de postos de trabalho longe do local de residência, permitindo assim uma dinamização da busca e conquista de colocações no mercado de trabalho. Essa possibilidade de empregabilidade integra mais ainda a cidade e pode, até, provocar novos corredores de nós que tem economia dinamizada (padarias, comércio em geral, bares e restaurantes localizados no caminho de casa pro trabalho). A conseqüência disso dispensa comentários, porque mais gente trabalhando significa mais dinheiro circulando, melhores condições de vida e maior poder de consumo.



Quanto ao fluxo de mercadorias, sua viabilidade se traduz em fluxo de riquezas. Isto é, o trânsito integrado de produtos e serviços por toda a cidade. Facilitar entregas, encomendas, contratos de transporte e prestação de novos serviços, gera mais oportunidades de crescimento dos setores de comercio e serviços e economiza tempo, barateando custo e tornando serviços e mercadorias em bens mais acessíveis a toda população.



Por fim, incomoda muito saber da infeliz opção que o teresinense faz pelo carro particular para transitar por Teresina. Com uma passagem que tem o mesmo preço da passagem de ônibus de fortaleza, embora ofertando menos linhas, sem integração das mesmas e com poucos ônibus, é assim o serviço de ônibus da capital do Piauí. Para completar o cenário prosaico o trem urbano da cidade é sucateado e com uma linha que não atende uma parcela mínima da população. Transportes particulares de estilo passeio e utilitários entopem as vias de trânsito, poluem o ar, aumentam a temperatura da cidade e não transportam a maior parte da população. Isso somente acontece por conta da precariedade do pretenso sistema de transporte que não atrai usuários e não se apresenta como opção viável para quem pode escolher entre transporte coletivo e carro particular.



As constatações presentes aqui nem de longe abarcam todos os problemas que o tema envolve, mas todas são fáceis de comprovar olhando o cotidiano da cidade que pede pra crescer mais se paralisa nos engarrafamentos rotineiros das principais ruas e avenidas, em horários decisivos para todas as pessoas.



É urgente que o poder público municipal assuma a responsabilidade que tem para com o problema e tome logo as atitudes necessárias para promover o trânsito como alavanca de desenvolvimento com qualidade de vida, democratização das oportunidades de emprego e renda e dinamização da economia.


 


ATENÇÃO: Visto a atualíssima composição da Câmara de Vereadores de Teresina, ultradireitizada, os movimentos sociais e setores conseqüentes da sociedade devem redobrar atenção. Pode ser que o que vem por aí piore muito a situação do trânsito da nossa capital.


 


*Por Professor Elton Arruda ([email protected])