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Ato celebra América Latina e 'internacionalismo proletário'

O PCdoB viveu neste sábado (22) mais um grande capítulo de sua história, ao promover o Ato Político em Solidariedade aos Povos da América Latina e Caribe. Com mais de mil participantes, o evento foi realizado na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo e integrou a programação do 10º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários.

GaleriaAntes do ato, o público assistiu a um breve vídeo sobre o PCdoB e à apresentação do quarteto As Choronas. O secretário de Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, leu ao público a mensagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Encontro (clique aqui para saber mais da mensagem de Lula).

Um dos mediadores do ato — ao lado da presidente do PCdoB-SP, Nádia Campeão —, José Reinaldo reiterou a satisfação do PCdoB em “acolher esse encontro”. Após citar o nome de todos os partidos comunistas presentes — quase 70 delegações —, o dirigente pediu “um caloroso 'viva’ ao internacionalismo proletário”.

Renato Rabelo, presidente nacional do PCdoB, destacou a importância de celebrar o momento histórico da América Latina. Segundo ele, o ato deste sábado comemorava “uma década de importantes mudanças políticas democráticas, progressistas e populares no continente — se considerarmos seu início em 1998, ano da vitória de Hugo Chávez para a presidência da Venezuela”. Desde então, “diferentes correntes, de variados matizes democráticos, progressistas e populares”, assumiram o governo em 13 países da região.

“Neste vasto continente, com um longo histórico de onipresença hegemônica do imperialismo norte-americano, esses acontecimentos são inéditos”, explicou Renato. “Demonstram uma nova fase política e de importantes conquistas democráticas avançadas, de sentido antiimperialista e anticapitalista.”

O presidente do PCdoB enalteceu também o protagonismo do governo Lula no processo de emancipação da América Latina. “Foi decisivo seu papel em questões de natureza estratégica, como na derrota da Alca; na ampliação e no fortalecimento do Mercosul; na constituição da Unasul (União das Nações Sul-americanas); e agora na iniciativa de criação do Conselho Sul-americano de Defesa, de importante significado geopolítico na luta do continente contra o hegemonismo imperialista.”

Relatos internacionais
Um dos momentos mais emocionantes do ato foi a intervenção do secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista de Cuba, Fernando Ramirez, que transmitiu “uma saudação de Fidel Castro”. Segundo Ramirez, o líder cubano “está muito melhor de saúde”, às vésperas do 50º aniversário da Revolução Cubana.

O dirigente do PC de Cuba enfatizou: seja com Fidel (que presidiu o país de janeiro de 1959 a janeiro de 2008), seja com o atual presidente, Raúl Castro, “o imperialismo nunca conseguiu — e nunca conseguirá — deter o socialismo” na ilha caribenha. “Nos 80 anos de nascimento de Che Guevara, ainda é viva sua célebre mensagem: 'Hasta la victoria siempre!’.”

O discurso de Christopher Matharo, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista da África do Sul, teve como foco a luta contra o racismo e a xenofobia — “que permanece como um dos maiores desafios de nossos tempos”. Depois de traçar comparações entre seu país e o Brasil — “nações de continentes diferentes, mas com muitos elementos em comum”, Matharo reafirmou a necessidade de um mundo livre do capitalismo. “Como a gente diz da África do Sul, 'o socialismo é o futuro — construa agora”.

Representantes de outros partidos frisaram a projeção da América Latina. “Vemos uma sociedade mais justa, com a bandeira da paz democrática. O antiimperialismo cresce em nosso continente”, declarou Jaime Caicedo, secretário geral do Partido Comunista da Colômbia. “Com a unidade inquebrantável dos povos, dos oprimidos, vamos dar uma mensagem final aos imperialistas do mundo inteiro”, agregou o senador boliviano Felix Rojas, que é do mesmo partido do presidente Evo Morales — o MAS (Movimento ao Socialismo).

“Fazemos questão de acompanhar as grandes experiências da região”, relatou o paraguaio Rene Vilas Boas, membro do Movimento Tekojoja (“viver entre iguais”). Criado no contexto das últimas eleições presidenciais no Paraguai, o Tekojoja deu sustentação à candidatura do ex-bispo Fernando Lugo, da Aliança Patriótica Para a Mudança. A campanha promovida pelo movimento foi fundamental para derrotar o conservadorismo do Partido Colorado, que estava no poder desde 1947. Lugo se elegeu presidente em 20 de abril deste ano, com 40% dos votos.

Convidados brasileiros
O presidente da Câmara Federal, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o ministro do Esporte, Orlando Silva, marcaram presença. “Penso no quanto de luta e no quanto de sofrimento cada um de nós representa, ao falar de seu povo e de seu país”, disse Chinaglia. “Ao voltarem para casa, vocês poderão dizer que existe, no Brasil e na América Latina, um exército de revolucionários que lutam pelo socialismo”, expressou Orlando.

Em nome dos partidos brasileiros convidados especialmente para o ato, discursaram Valter Pomar (PT), Roberto Amaral (PSB) e Luizinho Martins (PDT). Ismael Cardoso, presidente da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), falou em nome da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais).

O último discurso da noite coube à presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes. De acordo com ela, o continente latino-americano passou de um “quintal do império” para uma vasta terra de “governos insurgentes”. Tomando de exemplo a última edição da Assembléia Mundial da Paz, realizada no mês de abril, em Caracas, Socorro atesta: “O mundo se levanta em todas as partes do mundo, sobretudo na América Latina”.

O ato se encerrou com a execução da célebre A Internacional. O maior hino socialista — escrita por um sobrevivente da Comuna de Paris e musicada por um operário belga — tomou conta da quadra do Sindicato dos Bancários. Naturalmente, a versão brasileira predominava; mas os delegados internacionais, cada qual em seu idioma, cantaram juntos. Foram minutos em que, línguas à parte, partidos comunistas e operários do mundo inteiro provaram, uma vez mais, estar em marcante sintonia.

De São Paulo,
André Cintra