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Rabelo: encontro nos marcos da crise reforça luta comunista

Encerrou-se na tarde deste domingo o 10º Encontro de Partidos Comunistas e Operários, iniciado dia 21 em São Paulo. Como resultado do evento, o PCdoB deverá divulgar, em breve, os documentos Proclamação de São Paulo – O socialismo é a alternativa e a Declaração em solidariedade aos povos da América Latina e Caribe, além de um comunicado à imprensa.

GaleriaNa avaliação de Renato Rabelo, presidente do PCdoB, “a realização do encontro demonstrou a capacidade do partido de aglutinar e organizar a vinda de mais de 60 partidos dos quatro cantos do mundo. Isso, por si só, já é um grande fato”. O segundo aspecto destacado pelo dirigente é que “conseguimos, por aclamação, aprovar os dois documentos que apresentam unidade entre as organizações, uma grande vitória porque se trata de uma reunião com partidos comunistas diferentes entre si. Essa unidade demonstra o amadurecimento do movimento comunista”.

O terceiro ponto ressaltado por Rabelo é que “as edições desse encontro vão criando uma metodologia para sua realização, que é uma tarefa bastante complexa. Demos passos importantes nesse sentido e estamos criando uma relação ainda melhor entre a plenária (o encontro dos partidos propriamente dito) e o Grupo de Trabalho (responsável por organizar os encontros)”.

Num contexto de encontros multilaterais, disse, o estabelecimento e a prática dos direitos e deveres de cada instância determina o sucesso do debate. “Já percebemos o aperfeiçoamento dos métodos do encontro. Deste encontro, saíram diversas propostas que serão catalogadas pelo GT e poderão se transformar em eventos futuros”.

Rabelo explicou ainda que entre os desdobramentos possíveis a partir do encontro está, além da aprovação de moções, o estabelecimento de declarações conjuntas e a possibilidade de realização de seminários e eventos sobre temas específicos.

Nos marcos da crise
O dirigente destacou ainda que o 10º Encontro se revestiu de um significado especial porque ocorreu “nos marcos de uma grande crise sistêmica no capitalismo”. O momento, disse, “contribui para reforçar nossa luta”. “Começamos, agora, uma nova fase”, ressaltou. Rabelo recordou ainda que “há 18 anos estávamos em uma situação bastante difícil para o movimento comunista, de queda da União Soviética e triunfo do neoliberalismo, marcado pela decretação do ‘fim da história’. Achava-se, então, que o capitalismo teria vida eterna”.

De lá para cá, constatou, foi preciso “um grande esforço dos comunistas para reafirmar e manter seus princípios” e hoje “assistimos a um momento em que o liberalismo mostra seu esgotamento”. As experiências acumuladas pelo movimento, disse Rabelo, “nos demonstra que o socialismo é a alternativa e pode ser alcançado em novas condições. O sistema é o único sistema viável para a humanidade, não há outro”.

Realidades próprias
Além da plenária realizada no Novotel Jaraguá durante os três dias, o presidente do partido e dirigentes do Comitê Central mantiveram conversações bilaterais com outros partidos. “Conversei com 21 partidos das mais diferentes regiões e isso reafirmou a convicção de que o caminho para o socialismo não pode ter um plano pré-determinado porque o capitalismo provocou o desenvolvimento desigual, de maneira que cada país vive uma realidade muito diferente dos demais”. Por isso, enfatizou, “vejo que de fato, como temos dito, não há um caminho único ou um modelo para se construir uma nova sociedade”.

Para ele, é possível, com base nos princípios do marxismo-leninismo – como o materialismo dialético e a luta de classes – “construir um caminho próprio considerando a realidade local marcada por elementos históricos, culturais e de desenvolvimento muito distintos uns dos outros”.

Como exemplo, Rabelo citou o Nepal, presente ao encontro através de Madhav Kumar Nepal, do PC do Nepal (UML). “Lá, eles têm sete partidos comunistas que juntos formaram 61% do Parlamento, derrubando, assim, a monarquia e instituindo a república. Agora, estão fazendo a nova constituição do país. Para chegarem a esse resultado, precisaram levar em conta a realidade local, marcada ainda por uma economia feudal, cerca de 100 línguas e de 30 religiões”, destacou.

Passo adiante
Para José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, “o encontro ajudou a dar um passo adiante na afirmação dos partidos comunistas como forças políticas que se credenciam como organizações destacadas na luta antiimperialista e pelo socialismo”.

O conjunto de documentos saído do encontro mostra, segundo Carvalho, “o amadurecimento dos partidos e sua compreensão sobre os problemas fundamentais que assolam a humanidade”. O secretário disse ainda que os partidos “apontam novas perspectivas na luta contra o neoliberalismo, as políticas de guerra, as bases militares e por um mundo livre do imperialismo”.

Com base nas contribuições dadas pelos partidos presentes no encontro, os documentos serão adaptados e em seguida divulgados pelo PCdoB.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte