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PC da Bolívia vê progresso no movimento sindical do país

Presente no 10º Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários, realizado no último fim de semana na cidade de São Paulo, Marcos Domich, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista da Bolívia, falou ao Vermelho sobre a recente crise boliviana, a ingerência dos Estados Unidos no país e uma suposta melhoria nas relações de ambos os países, após a eleição de Barack Obama como presidente.

Domich contou ao Vermelho o motivo que levou o presidente boliviano a expulsar o embaixador dos Estados Unidos no país, no último mês de setembro. O embaixador Philip Goldberg estaria envolvido na conspiração que tentou dividir o país recentemente.

Segundo contou Domich, Goldberg esteve envolvido na “construção” da separação de Kossovo da Sérvia, quando serviu como embaixador americano naquele país, e colaborou com a confecção do documento que pretendia instituir uma “constituição” para a Media Luna, a região onde a direita agiu para tentar a separação boliviana. Tal documento é quase idêntico à constituição de Kossovo, explicou Domich. Leia a seguir trechos da entrevista.

Durante a recente crise na Bolívia, houve um certo desalinhamento entre as relações entre o governo e a COB (Central Operária da Bolívia)  e outros movimentos sociais?

Eu diria que tem melhorado. Há um ano e meio ou dois, a relação com a COB era muito difícil, mas ultimamente a central tem participado do Conacam (Comite Nacional por el Cambio) do qual participam os professores, que neste momento é o grupo sindical mais organizado do país, a Confederação de Professores Urbanos. É importante esclarecer que, há dez ou quinze anos, o PC mantém uma forte influência no magistério do país.

Também melhoram a posição e atitude dos mineiros, mas a embaixada americana tinha um trabalho muito forte com outros dirigentes sindicais. Entretanto, essa resistência e os efeitos criados pelo trabalho da embaixada ainda não foi completamente superada.

Ainda podem haver problemas com o movimento operário, entretanto na base as coisas estão melhorando.

Se fizermos uma pesquisa de opinião, os trabalhadores estão ao lado dessa posição de mudança conduzida pelo governo Evo Morales.

A eleição de Obama traz a perspectiva de mudança nas relações com o país?

Nós gostariamos que houvesse uma mudança, mas não temos ilusões. Porque Obama é mais resultado de um voto de castigo contra Bush, por suas políticas belicistas, que por uma suposta mudança.

O voto em Obama é também uma mudança na mentalidade nos EUA, que acreditamos ser importante. Há 20 ou 30 anos era impossível que elegessem um presidente negro, o que significa que há uma mudança na mentalidade do norte-americano.

Como o PCB avalia o papel da agência americana USAID na Bolívia?

A USAID também cometeu atos ilegais como a DEA. Por norma internacional, toda a ação dessas organizações — ajuda financeira, entrevistas, etc — têm de passar pelo conhecimento da chancelaria do país, no entanto eles saltavam todas essas regras da diplomacia internacional. Eles mantinham contatos diretos com autoridades municipais e provinciais da Bolívia, inclusive ajudando de forma direta, que não era contabilizada.

Da redação