Salvador será sede do Encontro das Culturas dos Povos Indígenas

Uma série de eventos, previstos para acontecer no Campo Grande e no Teatro Castro Alves, no dia 10 deste mês, a partir das 10h, dará continuidade ao E-14 – Encontro das Culturas dos 14 Povos Indígenas, historicamente realizado em outubro do ano passado, n

Considerado um divisor de águas na relação do governo da Bahia com os povos indígenas do estado, o E-14 reuniu aproximadamente 500 pessoas, dentre as quais 266 representantes indígenas dos povos Atikum, Kaimbê, Kiriri, Kantaruré, Pankararé, Pankaru, Pataxó, Hã-Hã-Hãe, Payayá, Truká, Tumbalalá, Tupã, Tupinambá, Tuxá E Xucuru-Kariri.



A idéia é que as atividades representem um desdobramento da experiência vivida durante o E14 e que a reunião seja um ponto de partida para o desenvolvimento de um trabalho conjunto entre os povos indígenas e o Estado.


 


A programação terá início com uma exposição de arte popular indígena, realizada em parceria com o Instituto Mauá, na Praça 2 de Julho (Campo Grande). Na ocasião, artefatos em madeira, barro, instrumentos musicais e utensílios estarão à venda.


 


Às 17h30, 150 indígenas de diversos povos da Bahia se reunirão aos pés da estátua do Caboclo, na mesma Praça, para a realização do ritual do Toré, um ritual sagrado, comum a todos os povos indígenas da América, no qual seus participantes entoam cânticos tradicionais e ancestrais para buscarem integração com as forças da natureza.


 


Exposição


Como parte da programação do E14+, a exposição “Os Tupinambá de Kirimuré” será aberta às 19h, no foyer do Teatro Castro Alves. Organizada pela professora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia, a mostra pretende sinalizar a presença indígena na área da Baía de Todos os Santos, por eles chamada de Kirimuré, nos séculos 16 e 17.


 


“Por meio de recursos visuais e fotografias, a exposição vai identificar os locais onde os indígenas construíram suas aldeias, os espaços dos aldeamentos administrados por particulares e por jesuítas, apontar onde ocorreram as várias revoltas indígenas e os aldeamentos que compunham o sistema de defesa da Cidade do Salvador nesse período”, explica a professora.


 


A proposta é que a exposição revele o destino desses indígenas, a expropriação de seus territórios, suas formas de resistência e seu papel na edificação, defesa e desenvolvimento da capital da América Portuguesa.


 


Documentário


Com direção geral de Walter da Silveira, um documentário de 52 minutos será exibido, às 20h, na Sala Principal do TCA, mostrando as tradições culturais dos povos indígenas, por intermédio de entrevistas e imagens, que revelam mitos e lendas, crenças, pinturas e o ritual do Toré, entre outras manifestações que aconteceram durante o E14.


 


Além de ser um documento audiovisual do encontro, que contou com a participação de mulheres, jovens, pajé e lideranças das varias etnias, o documentário tem um tom político, ao tratar da questão da aldeia dos povos Tuxá, local onde foi realizado o evento.


 


Há 20 anos, os Tuxá foram relocados da Ilha da Viúva, onde era localizada a sua aldeia, por conta da construção de uma usina hidrelétrica, aspecto também abordado no documentário.


 


A iniciativa de reunir esses povos indígenas – reconhecidos ou em processo de reconhecimento – partiu da Secretaria e a construção e realização do encontro é o resultado de articulações da Secult/Núcleo de Culturas Populares e Identitárias em parceria com as Secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, Meio Ambiente, além da Funai – Fundação Nacional do Índio e suas representações estaduais, lideranças indígenas Pataxó, Kiriri e Tuxá, as universidades Federal da Bahia, Católica da Bahia, além da Associação Nacional de Apoio Indigenista (Anai).


 


Fonte: Agecom-Bahia