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Temporão critica Igreja por excomungar envolvidos em aborto de menina

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou hoje (5) que a decisão da Igreja Católica de excomungar os envolvidos no aborto de uma menina de 9 anos no interior de Pernambuco foi radical e inadequada. A excomunhão foi anunciada ontem (4) pelo arce

“A lei brasileira é muito clara: a interrupção da gravidez é autorizada em caso de estupro. Trata-se de uma criança e, do ponto de vista biológico, não acredito que ela tivesse condições de levar a termo essa gestação de gêmeos”, disse, ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro.



Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contra-senso diante do que aconteceu à criança, vítima de estupro pelo padrasto. “Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante.”



O médico Olímpio Moraes confirmou a previsão do ministro Temporão e disse que se a gravidez continuasse o dano seria pior, pois levaria a uma gravidez de alto risco. “O risco existiria até de morte ou de uma sequela definitiva de não poder mais engravidar”, informa o médico.



A menina está em uma maternidade pública do Recife, onde foi internada na última terça-feira (3), quando começou a receber medicamentos para interromper a gravidez. No fim da manhã de ontem (4), a direção do hospital confirmou o aborto.



O procedimento médico de interrupção da gravidez está previsto em Lei quando se trata de vítima de estupro e de risco de vida. No caso da menina de 9 anos, havia as duas situações. “Ela está incluída nos dois e, como médico, a gente não pode deixar que uma menina de 9 anos seja submetida a sofrimento e até pagar com a própria vida”, rebateu o médico Olímpio Moraes, respondendo à absurda declaração do bispo que disse que “A lei de Deus está acima de qualquer lei humana”.