Durante reunião na Fiec, empresários questionam térmicas

Setores produtivos questionam reajuste médio de 11,25%, mas o enfrentamento será para os próximos reajustes

Empresários, parlamentares e representantes do setor produtivo no Estado unem forças para tentar barrar reajustes considerados por eles abusivo na conta de luz. Na prática, será entregue um documento à Companhia Energética do Ceará (Coelce), solicitando a retirada do componente que mais pesa nas altas e no preço da tarifa energética: uso de energia térmica à gás. Além disso, foi deliberado provocar uma reunião com o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner. O primeiro encontro aconteceu ontem na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).


 


A energia térmica representa 55,81% na compra de energia elétrica, um dos itens dos custos fixos da Coelce. Nos custos variáveis, é responsável por 67,88%. No total, a fonte de energia é 26,88%, segundo apontaram dados da Aneel, apresentados pelo diretor do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi).


 


O efeito disto tudo é que este tipo de energia compõe 53,79% do preço da tarifa de eletricidade, em média. Um megawatt.hora (MW.h) comprado pela Coelce custa R$ 160,30, mais do dobro da mesma medida comprada no leilão de 2006 da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), por exemplo, lembrou Picanço.


 


O deputado estadual, Lula Moraes (PCdoB), vai colher assinaturas (são necessárias 12) para formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que deverá ajustar “o contrato de concessão à realidade que nós vivemos”. O momento de crise econômica influenciou o argumento do parlamentar. “Precisamos ver o conjunto da ópera. No momento em que estamos vivendo, os governos do mundo inteiro tomam medidas para preservar a economia. Esse reajuste é “inadequado e inapropriado”, afirmou e citou números: “Em dez anos de privatização, a Coelce teve 274% de reajuste e R$ 900 milhões de lucro líquido. Vamos diminuir a gula. Estão muito gulosos”, ironizou.


 


Com cautela, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL-Fortaleza), Honório Pinheiro, cobrou atitudes sensatas. “Temos que procurar uma solução otimizada, com clareza do caminho que vai tomar”.


 


O impacto do reajuste da Coelce será sentido também na indústria e os sindicatos empresariais já fazem coro. “Está todo mundo gritando”, disse o presidente da Coelce, Roberto Macêdo, ao comentar sobre as perdas que a indústria pode ter com a conta de luz 12,11% mais cara. “Precisamos primeiro entender, para ver que medidas tomar”, disse Macêdo.


 


Coelce


 


A Coelce explicou, em nota, o motivo do percentual da alta na energia. “A tarifa representa a soma de todos os componentes do processo industrial de geração, transporte (transmissão e distribuição) e comercialização de energia elétrica. São acrescidos ainda os encargos direcionados ao custeio da aplicação de políticas públicas distribuição de energia, manutenção da rede, cobrança das contas, centrais de atendimento e remuneração dos investimentos”, diz.



Enfrentamento


 


– Apesar de classificar o enfrentamento de “pesado”, o senador Inácio Arruda (PCdoB) aderiu ao pleito. Para ele, as tarifas pagas no Nordeste inviabilizam a exportação. Arruda expôs que é preciso ter argumentação técnica para manter uma pressão política. E criticou as agências reguladoras: “Tem sido um relatório de aprovação (de reajustes)”.


 


– Corre na 10ª Vara da Fazenda Federal o processo que definirá se vai ser ou não acrescido um percentual na tarifa de energia elétrica para o cearense referente a compensações de ICMS para a Coelce.