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Antes do previsto, ONU aprova Declaração final sobre racismo

Os participantes da Conferência da ONU sobre o racismo aprovaram antecipadamente nesta terça-feira (21) sua Declaração final, temendo novos abandonos de representantes no dia seguinte às críticas contra Israel, proferidas pelo presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad.

O projeto de Declaração final foi aprovado por aclamação na tarde desta terça-feira, três dias antes do previsto. O texto a princípio devia ser aprovado na sexta-feira, último dia da Conferência dita de Durban II, organizada oito anos depois da Conferência de Durban, na África do Sul.

O presidente da conferência, Amos Wako, saudou uma "decisão capital". "Os diplomatas decidiram acelerar o processo de aprovação para impedir que outros países cedessem à tentação de abandonar a conferência depois do que aconteceu na segunda-feira", explicou um diplomata sul-americano, que não quis ser identificado.

"Havia o temor de que outras nações se retirassem, mas houve uma vontade de todos os países de dizer à comunidade internacional que não deixaríamos ninguém desviar a conferência de seu objetivo principal", comentou o embaixador egípcio, Hisham Badr.

"A aprovação da Declaração final é nossa resposta ao discurso antissemita de Ahmadinejad", declarou a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navy Pillay.

"O fato de o documento ter sido aprovado por todos os países menos nove é nossa resposta a Ahmadinejad", afirmou, qualificando a Conferência de Durban II de "sucesso".

"O texto foi aprovado, evidenciando o fracasso do presidente iraniano em transformar o evento em uma tribuna do ódio", destacou, por sua vez, o ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner.

A versão final do texto foi expurgada de todos os pontos de divergência entre os participantes. O parágrafo sobre a memória do Holocausto foi mantido, provocando a irritação do Irã.

A declaração final do encontro centra-se no combate ao racismo associado à imigração e pobreza e à discriminação das minorias, não fazendo quaisquer críticas ou mesmo referências ao tratamento dos palestinianos em Israel.

Contudo, um dos parágrafos reafirma as conclusões da primeira cimeira sobre o racismo, realizada em Durban em 2001, que as delegações israelita e norte-americana abandonaram face às propostas de alguns países árabes para identificar como racista o sionismo (movimento que levou à criação do Estado judaico). O documento também reafirma a Declaração e Programa de Ação de Durban (DDPA) de 2001, que os Estados Unidos tinham se recusado a aprovar.

A DDPA inclui dois parágrafos sobre o conflito israelense-palestino que Washington contesta, assim como o que trata do "destino do povo palestino que vive sob ocupação estrangeira", no capítulo dedicado às "vítimas do racismo". Apesar de a Declaração final ter sido aprovada hoje, a conferência continua até sexta-feira.

Da redação, com agências