Messias Pontes – Direita se articula no Ceará visando 2010

No mato sem cachorro no Ceará, a direita procura se fortalecer e joga todas as suas fichas no PPS do comunista arrependido Roberto Freire. A filiação do empresário Alexandre Pereira, ex-PP, já como presidente desse partido, é uma busca desesperada da dire

Com a entrada de Alexandre Pereira, se por um lado fortalece o PPS economicamente, por outro lado perde os chamados militantes históricos e os mais recentes, como o livreiro Sérgio Braga, seu presidente até a semana passada, que juntamente com os demais dirigentes estaduais, não compareceu à filiação e posse como presidente do empresário.



Alexandre Pereira disputou a vice-prefeitura de Fortaleza na chapa encabeçada pelo ex-deputado federal pefelista Moroni Torgan, nas últimas eleições municipais, sem nada acrescentar, pois era um senhor desconhecido do conjunto do eleitorado. Apareceu algumas vezes na propaganda eleitoral no rádio e televisão, mas não conseguiu dar visibilidade a si próprio. Se for feita pesquisa de opinião para aferir quem o conhece, o resultado certamente será decepcionante.



Os dirigentes dos principais partidos de direita no Ceará – PSDB, DEMO e PPS – sabem que não têm a menor chance de retornar ao governo estadual no curto prazo, pois o governador Cid Gomes (PSB), a preço de hoje, é imbatível, liquidando a fatura ainda no primeiro turno, como aconteceu em 2006. A não ser que aconteça uma catástrofe até 2010.



A situação do tucanato é a mais delicada, pois não tem nenhum nome com densidade eleitoral para tentar uma candidatura ao governo do Estado. O seu principal líder, senador Tasso Jereissati, por hipótese alguma aceita disputar mais uma vez a chefia do poder Executivo estadual, pois sabe que sofreria uma fragorosa derrota. Ademais, nunca disputou cargo majoritário sem o uso da máquina.



Até mesmo para tentar a reeleição ao Senado, o ex-governador tucano só entrará na disputa se tiver o apoio formal ou informal do governador Cid Gomes. Das duas vagas em disputa, uma já tem candidato apoiado pelo governador e pela esquerda, que é o deputado federal Eunício Oliveira, presidente estadual do PMDB.



A outra vaga será disputada por um candidato de esquerda, que poderá ser o deputado federal Chico Lopes, do PCdoB; o ex-prefeito de Quixadá e presidente estadual do PT, Ilário Marques; o ex-deputado Eudoro Santana e o também petista deputado José Pimentel, atual ministro da Previdência Social. Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechar questão e pedir, o governador Cid Gomes certamente apoiará os dois candidatos da base governista.



Sem candidato próprio em condições de competir, o tucanato especula com o nome do novo presidente do PPS e até mesmo do prefeito de Iguatu, Agenor Neto, atualmente filiado ao PMDB, para a disputa governamental. Mas para ser candidato pelo PSDB, já que o seu partido está fechadíssimo com Cid Gomes, Agenor teria de abdicar do cargo no final de setembro deste ano, coisa que certamente não fará.



O outro nome especulado pela direita é justamente o do novo presidente do PPS. Mas este não entrará em aventura, até porque pretende disputar uma cadeira na Câmara Federal em coligação com o PSDB e o DEMO. Isto se a reforma política não proibir a coligação proporcional como deseja a maioria petista que pretende ter a hegemonia da esquerda no País, eliminando os demais partidos do mesmo campo.



Contudo, a estratégia da direita é se fortalecer nos estados para apoiar a candidatura presidencial de José Serra em 2010 e assim, se eleito, concluir o desmonte do Estado, privatizando o pouco que sobrou com a tragédia neoliberal.



Os neoliberais não abrem mão de entregar a Petrobras – principalmente agora com a descoberta do mar de petróleo fino na camada pré sal -, Furnas, os Banco do Brasil, do Nordeste, da Amazônia e a Caixa Econômica Federal. Tudo a preço de b anana como fizeram com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Vale do Rio Doce, a Embratel, a Usiminas, a Rede Ferroviária Federal, a Acesita, a Ultrafértil, a Fosfértil, a Embraer e dezenas de outras estatais, notadamente os bancos estaduais e as companhias de energia elétrica, como a nossa Coelce.



A canalha neo-udenista sonha em retornar ao Palácio do Planalto para concluir o sucateamento da saúde e da educação públicas. Quem não lembra do então ministro da Educação, no desgoverno do Coisa Ruim, o  tucano Paulo Renato de Souza afirmar ser inadmissível a universidade pública federal gratuita?



Porém o desejo maior dos neoliberais entreguistas é a extinção pura e simples dos programas de inclusão social como o Bolsa Família, e entregar de bandeja a Amazônia e a Base de Alcântara, no Maranhão, como tentou o Coisa Ruim mas o presidente Lula impediu, retirando do Congresso Nacional a proposta enviada por quem deveria estar fazendo companhia ao outro Fernando, o Beira-Mar.



A direita se articula no Ceará visando principalmente dar um palanque para o tucano José Serra em 2010.



Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE