Maranhão: Viva São João, São Pedro e São Marçal!
Em seu artigo semanal para o Jornal Pequeno, o deputado Flávio Dino exalta as festas juninas no Maranhão, lembrando que se trata da mais importante manifestação cultural do estado. Leia abaixo.
Publicado 17/06/2009 16:56 | Editado 04/03/2020 16:48
Flávio Dino
O período das festas juninas no Maranhão é seguramente um dos mais intensos, belos e marcantes. É a manifestação cultural que melhor nos identifica, a que mais traços singulares possui, aquela que mais nos contagia, nos envolve, e certamente a que mais contornos empresta à nossa maranhensidade.
Desde criança acompanho e participo de nossas festas juninas. Incontáveis vezes fui com amigos ao Largo de São Pedro participar daquele comovente momento em que os batalhões se encontram para serem abençoados madrugada adentro. Do mesmo modo foram muitas as idas ao grande espetáculo que é o desfile dos bois de matraca pelo João Paulo no dia de São Marçal. Como incontáveis também foram as idas aos nossos arraiais e aos terreiros onde os bois ensaiam, são batizados e depois morrem.
O São João mobiliza a cidade, envolve milhares de pessoas em todos os bairros, em centenas de arraiais. Quadrilhas, danças portuguesas, os bois em todos os seus sotaques, tudo isso dá ao mês de junho um tempero todo especial, marcado pelo sons de matracas, zabumbas e pandeirões. Junho, por isso tudo, é tão especial que, como anotou o compositor Chico Saldanha, ele começa mesmo em maio, quando já “tá todo mundo ensaiando”.
Tudo mesclado e formando um mosaico cultural único e de rara beleza, mantendo acesa a nossa identidade, nossos traços culturais tão diversificados. As fogueiras de São João, São Pedro e São Marçal estão a alumiar o nosso Maranhão, a nossa São Luís.
A nossa formação cultural tem a marca central do bumba meu boi. Há toda uma poética, uma estética que deriva do bumba meu boi. Muitos de nossos melhores mestres da cultura popular vieram do e pelo boi. Estão inscritos nesse panteon nomes como Mané Onça, João Chiador, Francisco Naiva, Terezinha Jansen, Humberto, Donato, Coxinho, Zé Alberto, Chagas, Lobato, e tantos outros. São gigantes que merecem a homenagem e o reconhecimento de todos nós maranhenses que apreciamos a cultura de nossa terra.
As festas juninas em São Luis revestem-se também de importância econômica, razão pela qual precisam ser sempre estimuladas pelo poder público. A economia da cultura é fator importantíssimo para o nosso desenvolvimento, envolve milhares de pessoas e se traduz em meio para gerar renda na cidade e no estado. E isto não apenas pela significativa e cada vez maior presença de turistas, que ocupam os hotéis, restaurantes e incrementam o comércio neste período; mas também por oportunidades que são abertas para milhares de pessoas inseridas no processo de produção das brincadeiras de São João, São
De 19 a 29 de junho teremos mais de 500 brincadeiras populares juninas, com a participação de centenas de grupos de bumba meu boi, tambor de crioula, danças do boiadeiro, danças portuguesas, os cacuriás e os cocos, além das quadrilhas, das danças alternativas e dos grupos mirins. E, no interior do Maranhão, cada prefeitura já se mobiliza para organizar os seus arraiais.
É, portanto, tempo de festejar a nossa cultura, de cantar com César Teixeira “meu São João, meu São João, eu vim pagar a promessa de trazer esse boizinho para alegrar sua festa”; de declarar, como Humberto do Maracanã, “Maranhão, meu tesouro meu torrão”; de entoar com Francisco Naiva “São Luis, cidade dos azulejos, juro que nunca te vejo, longe do meu coração”; enfim, de cantar todas as nossas toadas, de valorizar nossa cultura, de dizer VIVA SÃO JOÃO, SÃO PEDRO E SÃO MARÇAL; viva nossos artistas, todos os nossos boieiros!