Mulheres metalúrgicas são tema de mestrado da Presidente do PCdoB-RJ
Qual o impacto das condições de trabalho e da sobrecarga doméstica na vida da mulher metalúrgica? Foi essa pergunta que a presidente do PCdoB-RJ, Ana Rocha, procurou responder em sua tese de mestrado, no dia 29 de junho.
Publicado 01/07/2009 21:41 | Editado 04/03/2020 17:04
Cerca de 60 pessoas foram assistir sua defesa, que no final foi aprovada pela banca examinadora. Dentre os presentes, lideranças como Jandira Feghali, Clara Araújo, Liege Rocha (secretária nacional da Mulher do PCdoB), a deputada federal do PCdoB, Jô Moraes, o presidente da CTB-RJ, Maurício Ramos, representantes da UBM, as metalúrgicas Mônica Custódio, Raimunda Leone e Glória, além de dirigentes partidários, amigos e parentes. Ana dedicou sua tese à Lúcia e Liege – suas irmãs –, “que viveram na clandestinidade, sofreram como mulheres e mães o peso da repressão e não abriram mão até hoje de sua militância política e feminista”. Através delas, Ana homenageou as mulheres militantes brasileiras, em particular as do PCdoB.
A banca foi composta pela sua orientadora Carla Almeida (UERJ), Maria Helena Tenório (UERJ) e Rita Freitas (UFF).
Formada em Psicologia, Ana Rocha retornou há pouco mais de dois anos ao meio acadêmico, onde iniciou o curso de mestrado em Serviço Social, com foco em trabalho e gênero, na UERJ. Sua trajetória profissional foi interrompida pela repressão da ditadura militar, quando teve que deixar o país.
Segundo a presidente do PCdoB-RJ, com a diversidade de profissões, dos serviços, da informática e da financeirização, o mundo da produção e das operárias parece ter ficado invisível. Ana, então, buscou o universo das metalúrgicas.
Trabalho é fundamental
A base do setor metalúrgico do Sindicato do Rio de Janeiro esta presente em 14 municípios, composta em sua maioria de empresas médias e pequenas, com ganhos concentrados em dois salários, escolaridade de 1º e 2º grau e faixa etária de 30 a 49 anos. São 85% de homens e 15% de mulheres, destes 92,71% são sindicalizados e 7,29% de sindicalizadas.
A pesquisa mostrou que para as metalúrgicas entrevistadas, “o trabalho apresenta-se como fundamental, sobretudo no aspecto da sobrevivência pessoal e familiar”. Elas admitem a sobrecarga doméstica, já que a maioria executa todas as tarefas de casa, cuidando de filhos e, em alguns casos, dos netos. Porém, sentem-se satisfeitas com a vida familiar. Outro dado da pesquisa é que a maioria das pesquisadas são chefes de família, sendo grande parte de mães solteiras.
Se no espaço doméstico se verifica a divisão sexual do trabalho, também no espaço produtivo essa divisão fica evidente. No geral, o setor metalúrgico tem o predomínio masculino. No caso do setor eletro-eletrônico da Faet a maioria é de mulheres e em relação à Faet a maior parte delas trabalham na linha de montagem dos aparelhos e na sua fabricação, enquanto os homens atuam no empacotamento e transporte. Também são homens os mecânicos, eletricistas, engenheiros e da manutenção de máquinas.
A relação entre trabalho e vida familiar é percebida pelas entrevistadas como complementar, sendo o trabalho visto como suporte para sua realização familiar. O espaço doméstico, mesmo com a sobrecarga, é visto como positivo e acolhedor, algo que deve ser preservado.
Do Rio de Janeiro
Marcos Pereira