Disputa na Bahia entre Geddel e Gabrielli pode influir na CPI

O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, inspira cuidados especiais nessa etapa que antecede o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investigará a Petrobras. Um dos principais líderes do PMDB, com forte controle das bases do partido na Bahia, Geddel desconfia dos planos políticos do presidente da Petrobras, o também baiano José Sérgio Gabrielli, e o vê como um potencial rival na disputa por uma cadeira ao Senado nas próximas eleições.

De nada adiantaram até agora os recados enviados por Gabrielli, nos bastidores, para dissuadir os temores do ministro da Integração Nacional. O receio entre interlocutores próximos ao presidente da estatal é de que as motivações da disputa regional na Bahia acabem por se refletir no andamento da CPI do Senado.

Mais concretamente, o que se teme é que Geddel alimente os integrantes da CPI com informações e denúncias que possam comprometer a direção da Petrobras e enfraquecer diretamente Gabrielli. Os patrocínios destinados a prefeituras e movimentos sociais no Estado são alguns dos alvos que o ministro do PMDB pode escolher para atingir o rival.

A insatisfação de Geddel com as iniciativas do governo federal na política baiana passam também pela resistência do governador Jacques Wagner, do PT, de assegurar uma aliança com o peemedebista para as próximas eleições, apoiando suas pretensões ao Senado ou mesmo para o governo estadual. Wagner pleiteia a reeleição e enxerga o ministro como um adversário difícil e ardiloso.

A Bahia é um dos Estados em que a pretensão do presidente Lula de realizar uma aliança estratégica entre PMDB e PT enfrenta mais dificuldades.

Longe de representar apenas uma questão paroquial, o caso baiano ganha maior dimensão justamente pela ressonância nacional que pode alcançar no funcionamento da CPI da Petrobras.

As preocupações de Gabrielli em defender-se de possíveis movimentos hostis de Geddel têm relação também com a sua própria reputação como executivo. No comando de uma das maiores empresas do mundo e um símbolo da força econômica brasileira, ele tem uma biografia a zelar e um futuro profissional pela frente, que dependem justamente da avaliação que receberá ao final dos trabalhos do inquérito parlamentar.

Agência Estado