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Artigo: Em Cuba, vá aonde quiser, sem se preocupar

Uma das coisas que mais chamam a atenção em Cuba é a segurança do país. Alguns cubanos que conheci me garantiram que o índice de criminalidade por aqui é zero, ou algo muito próximo disso.

Por Orozimbo Souza Júnior*

Cuba

Todos são taxativos ao afirmar que, se eu quiser passear pelo país, posso fazê-lo quando bem entender, sem o risco de ser assaltado ou sofrer qualquer tipo de violência. Isso vale para as cidades pequenas, ou mesmo para a capital Havana, uma metrópole com cerca de três milhões de habitantes.

Essa particularidade me fez recordar vários debates sobre a violência no Brasil. Muitos especialistas afirmam que a criminalidade é diretamente proporcional à falta de condições básicas, tais como alimentação, educação, saúde e, claro, emprego. Trocando em miúdos, “na casa em que falta pão, todo mundo briga, mas ninguém tem razão”, como traz um velho dito popular. Todos sabem que as condições mínimas para uma vida digna são garantidas pelo governo de Cuba. Parte do resultado dessa estratégia é possível conferir caminhando por ruas, avenidas e praças, quer sejam das regiões mais centrais ou daquelas distantes e pouco movimentadas.

Ando pelas ruas com uma sensação de segurança jamais sentida, nem mesmo em países europeus. Também é de se destacar a educação desse povo nos ambientes coletivos. Quando o espaço para pedestre é estreito, em uma calçada, por exemplo, as pessoas parecem fazer questão de conseguir um jeito de nos dar preferência para seguirmos caminhando. Nos ônibus coletivos, que são invarialvemente cheios (a frota é reduzida devido a questões relativas ao embargo econômico imposto a Cuba), o único desconforto é o pouco espaço. Nas saídas e entradas de passageiros, não há corre-corre, nem tampouco pessoas quase pisoteando umas às outras. Com calma, passageiros e motoristas esperam todos se acomodarem. E com as envolventes músicas cubanas, que sempre embalam as viagens nos coletivos, tudo fica mais agradável. Inclusive, sempre que chegam às paradas de ônibus, eles perguntam quem é o último, para se formar uma fila que, mesmo não existindo fisicamente, é respeitada na ordem de embarcar.

Com as características descritas acima, passear pelas ruas de Havana é um convite irresistível, mesmo com escaldantes 40º graus à sombra (julho e agosto são os meses mais quentes do ano). Mas nada que um pote de ¨helado¨, que é como eles chamam o sorvete, não resolva. O preço é bastante acessível, especialmente na famosa sorveteria Coppelia, onde os cubanos compram litros de sorvete. Entre uma colherada e outra no pote, caminhamos pelas calles, aproveitando para aprender um pouco mais sobre os costumes e a rica história do país.

Brasil, um capítulo a parte

Nesses mais de 15 dias aqui na ilha, tenho sentido um orgulho ainda maior de nossa pátria mãe. Sem medo de exagerar, vemos, proporcionalmente, mais camisas do Brasil do que aí mesmo em nosso país. É impressionante a veneração dos cubanos ao Brasil. Camisas da Seleção Canarinho são vistas às dezenas nos lugares de maior concentração de pessoas, algo só percebido em terras brasileiras na época de Copa do Mundo. Ainda não consegui uma resposta para tal admiração. Com certeza, não é apenas pelo futebol. Cubanos e cubanas adoram desfilar pelas ruas com camisas verde e amarelo, com a bandeira ou nome de nosso país escrito. Prometo tentar descobrir o motivo.

*Direto de Havana