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Uribe faz tour pela região para justificar bases dos EUA

O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, iniciou nesta terça-feira (04) uma viagem a países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em uma ofensiva diplomática para acalmar a preocupação dos vizinhos com ampliação da presença militar norte-americana em tertritório colombiano. O primeiro encontro será com o governante do peru, Alan Garcia. Na quinta (06), é a vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebê-lo em Brasília.

Uribe pretende justificar a instalação de bases militares dos Estados Unidos na Colômbia e explicar o funcionamento e os termos de tal acordo.

Avisado que o tema será debatido pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas), o colombiano se recusou a participar da reunião agendada para a próxima segunda em Quito. Em contrapartida, marcou conversas, além de no Brasil e Peru, no Chile. Ele também pretende se encontrar com os presidentes da Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai. Já a Venezuela e o Equador – maiores críticos da negociação de Bogotá com Washington – ficarão de fora da rodada de reuniões.

Fontes do governo Uribe declararam que a reunião de hoje com o peruano terá o objetivo de ''reforçar as relações'' entre ambos presidentes. Mas, na segunda, o governo colombiano informou que a viagem teria como tema central o acordo.

Acompanhado pelo chanceler Jaime Bermúdez, Uribe terá a missão de convencer os colegas de que ampliação de presença militar norte-americana no continente, por meio da utilização de pelo menos três bases na Colômbia, não deve ser encarada como uma ameaça à região.

Firmado no momento em que a base dos Estados Unidos em Manda, Equador, está sendo desativada, o acordo gerou mal estar nos países vizinhos, que não foram ouvidos sobre o tema, e desconfiança sobre os seus reais motivos e consequências.

''A viagem será para abordar os temas do terrorismo na Colômbia, seus riscos e os assuntos relacionados com a Unasul'', disse o porta-voz da presidência da Colômbia, César Mauricio Velásquez. A viagem de Uribe foi anunciada após países tradicionalmente próximos a Bogotá, como o Brasil e o Chile, expressarem preocupações com o acordo negociado entre Colômbia e EUA.

Na visita ao Brasil, Uribe tentará amainar as queixas, amenizando também o debate que se dará na Unasuil sobre o assunto. Em entrevista recente, o chanceler Celso Amorim questionou a falta de transparência nas negociações e o fato de o tema não ser sido levado a debate com as nações do continente.

Na semana passada, o próprio Lula se disse contrário à instalação de bases americanas no país vizinho. ''Não me agrada mais uma base na Colômbia. Mas como eu não gostaria que o Uribe desse palpite nas coisas que eu faço, prefiro não dar palpite nas coisas do Uribe.'' Na ocasião, o presidente disse que o fórum ideal para tentar solucionar o impasse seria a reunião da Unasul.

Para o governo brasileiro, o compromisso dos países da América do Sul com o processo de integração regional, que culminou com a criação do Consleho de Defesa, não permitiria a presença de tropas estrangeiras no continente.

A visita do colombiano ao Brasil, na quinta, se dará no dia seguinte à passagem do assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jim Jones, por Brasília. Hoje, Jones se reúne com os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Nelson Jobim (Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil), além do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Amanhã, será recebido por Amorim.

A visita já estava agendada antes da polêmica em torno das bases, mas agora o tema ganhou importância na pauta. O Brasil aproveitará a presença de Jones para ''ouvir mais'' sobre a ideia, nas palavras de um assessor de Amorim.

A Colômbia e os EUA sustentam que a ampliação do acordo militar visa exclusivamente o combate ao narcotráfico. O Brasil teme que ela objetive neutralizar a aproximação da Venezuela com o Irã e a Rússia.

O acordo prevê a presença de cerca de 800 soldados americanos em pelo menos três bases colobianas pelo período de dez anos. O investimento está estimado em US$ 5 bilhões.

Com agências