'Honduras é desafio à comunidade internacional', diz Zelaya no México

O presidente destituído de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou nesta terça-feira (04) que o golpe de Estado que o tirou do poder há um mês "é um desafio" para a comunidade internacional. Em viagem ao México, ele recebeu o apoio do presidente do país, Felipe Calderón, que analisou que "uma ruptura na ordem constitucional é inaceitável" no continente.

Ao ser recebido pelo mandatário mexicano, Felipe Calderón, na residência oficial de Los Pinos, em uma cerimônia que contou com todas as honras correspondentes a um chefe de Estado, Zelaya comentou que a comunidade internacional tem ainda "muito que fazer" para que "a lei e os princípios da convivência pacífica possam prevalecer sob a face da Terra".

Na ocasião, tanto Calderón quanto Zelaya condenaram o golpe e ressaltaram a importância de restabelecer a ordem democrática no país. O presidente deposto ainda criticou a censura contra veículos de comunicação, praticada pelo governo de fato, encabeçado por Roberto Micheletti.

"Será este o destino da Humanidade? Que os homens voltem ao lugar de onde vieram? Das cavernas?", criticou Zelaya, referindo-se a proibições contra a imprensa e pontuando que estas atitudes servem para "impedir que o povo hondurenho conheça" o que ocorre no país.

O presidente deposto também acusou a "elite" de impulsionar o Golpe de Estado realizado no dia 28 de junho, quando militares obrigaram Zelaya a deixar o país, devido sua intenção de fazer uma consulta popular para alterar a Constituição.

"Uma elite econômica tenta defender seus privilégios", disse o mandatário hondurenho, ratificando que essa faixa populacional tem a intenção de não deixar o "povo opinar" e buscar "o desenvolvimento social, econômico e reformas sociais".

Segundo Zelaya, "não querer reduzir a pobreza ou querer reduzi-la eliminado os pobres" é uma ideia que tem que ser extinta, uma vez que "o principio democrático" deve sempre "orientar os governos do século XXI".

Durante a cerimônia, o presidente deposto agradeceu a Calderón e a todos os organismos internacionais pelo apoio.

O mandatário mexicano, por sua parte, reiterou a posição do país diante da crise política hondurenha, pedindo o retorno de Zelaya à presidência e elogiando as tentativas de acordo coordenadas pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

De acordo com Calderón, o México apoia "toda a iniciativa que pode conduzir ao restabelecimento da democracia em Honduras e à volta do presidente constitucional", além de acreditar que o melhor modo para resolver o problema seja "o dialogo irrestrito e o respeito aos direitos humanos".

Também participaram da reunião em Los Pinos a chanceler do governo mexicano, Patrícia Espinosa, o subsecretário mexicano para a América Latina e o Caribe, Salvador Beltrán, o embaixador do México em Honduras, Tarcisio Navarrete, a ministra das Relações Exteriores do presidente deposto, Patrícia Rodas, e o chefe de
Gabinete de Zelaya, Enrique Flores.

Nesta terça, o mandatário iniciou no México o que chamou de "cruzada diplomática" pela América Latina, com o objetivo de buscar apoio para retornar ao seu país. O governo brasileiro anunciou, ontem, que Zelaya deve visitar o país no próximo dia 12.

O presidente da Costa Rica e mediador do conflito, Oscar Arias, junto ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, acordou a criação de uma missão internacional, que será enviada a Honduras para solucionar a crise no país caribenho.

Com Ansa