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Uribe e Lula discutem bases dos EUA; Brasil quer garantias

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, deixou o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília nesta quinta-feira (6), sem falar à imprensa. Fez apenas uma saudação aos jornalistas sem informar sobre o encontro, onde o tema foi a anunciada instalação de sete bases militaresdos Estados Unidos em território colombiano. O chanceler brasileiro, Celso Amorim, que participou do encontro, disse que o Brasil quer garantias tanto dos EUA como da Colômbia sobre as bases.

"Quero saudar a todos os comunicadores do Brasil, expressar o agradecimento pelo diálogo que acabo de ter com o presidente Lula e deixar a vocês comunicadores uma saudação cheia de afeto", foi o breve pronunciamento de Uribe. O encontro dos presidentes, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), durou de cerca de duas horas.

O presidente colombiano realiza uma turnê por sete países sul-americanos, todos preocupados ou simplesmente indignados com o fortalecimento da presença militar da superpotência do Norte, num momento em que a América do Sul é o único continenhe que não abriga nenhuma base militar estrangeira. Além do Brasil ele visitou o Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Amorim: Brasil quer garantias

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após participar da reunião entre os dois presidentes, disse que o Brasil quer garantias tanto dos EUA como da Colômbia, de que o acordo militar entre os dois países se restringe ao território colombiano, com o propósito de combate ao narcotráfico e para fins humanitários.

"Voltamos a reiterar que o acordo com os EUA deve ser específico e delimitado ao território colombiano. É uma matéria de soberania colombiana, desde que seja compatível com essa delimitação", disse o chanceler, deixando claro o desconforto do Itamaraty com a decisão. A base militar mais próxima da fronteira com o Brasil, em Apiay, ficará a apenas 400 km do estado do Amazonas, numa área da floresta amazônica distante e pouco povoada.

Mesmo assim, segundo Amorim, a vinda de Uribe ao Brasil foi interpretada como um gesto positivo. "A conversa ocorreu num clima de diálogo e busca de entendimento sobre as preocupações de parte a parte. As nossas preocupações foram expressas, o presidente Uribe também deu os esclarecimentos que achou que deveria dar e os objetivos desse acordo com os EUA", disse o ministro.

"Minha impressão é que ele não vai"

Lula enfatizou que o tema deve ser tratado de forma multilateral, no âmbito do Conselho de Defesa Sul-Americano, "sem ingerências externas".

"O presidente Lula exprimiu o propósito do Conselho de Defesa Sul-Americano, para que ocorra um clima de confiança que permita que certas questões que possam surgir sejam respondidas e certas dúvidas dirimidas de maneira técnica. Claro que não somos ingênuos. Sabemos que isso não é uma coisa fácil, mas o objetivo é caminhar nessa direção", afirmou o ministro.

Amorim deixou claro que as conversas ainda não terminaram. Novas consultas serão feitas aos EUA e à Colômbia. Perguntado se Lula teria convencido Uribe a participar, no início da semana que vem, da reunião de cúpula da União Sul-Americana de Nações (Unasul), Amorim respondeu: "Minha impressão é que ele não vai".

A agenda de Lula nesta quinta-feira privilegiou questões sul-americanas. O presidente brasileiro reuniu-se também com o senador uruguaio José Mujica, que disputará a presidência de seu país nas eleições de 25 de outubro, pela Frente Ampla, coalizão de esquerda que governa o Uruguai desde 2004.

Da redação, com agências