EUA: Imigrantes tem de participar do debate sobre saúde
O ardente debate sobre a reforma do sistema de saúde dos Estados Unidos não deve excluir ninguém, inclusive os imigrantes, sejam legais ou sem documentos, segundo dirigentes de grupos de direitos civis e de organizções sindicais latinas.
Por Pepe Lozano, para o People's Weekly World
Publicado 14/08/2009 16:56
Não é justo que os imigrantes saiam de seus países em busca de uma vida melhor nos Estados Unidos e, quando adoecem, não tenham acesso a serviços médicos por não poderem pagar, dizem.
Muitos partidários de Barack Obama nas comunidades latinas entendem que a luta pela reforma do sistema de saúde, dirigido pelo presidente Obama e seu governo, é uma questão de grande urgência para todos. Eles estão de acordo que o debate deva ser produtivo e construtivo.
Mas tem, também de ser inclusivo, reafirmam os ativistas.
Não obstante, a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, recentemente sublinhou que os imigrantes qe são, segundo suas palavras, "ilegais", não se beneficiarão das propostas atuais no Congresso para seguro médico "universal". Isto preocupa muitas organizações de latinos.
Hector Sánchez, diretor de política e investigações para o Conselho Trabalhista para o Progresso Latino-Americano, diz que sua organização respalda a cobertura universal de saúde, que inclua a todas as pessoas que vivam nos Estados Unidos, sem importar sua origem nacional nem sua condição legal.
Sánchez disse ao People's Weekly World, em uma entrevista telefônica, que é justo prover cobertura a todos. “Não é economicamente eficiente se os imigrantes forem excluídos”, agregou".
Jennifer Ng’andu, vice-diretora do Projeto de Política de Saúde do Conselho Nacional da Raça disse que sua organização "quer apoiar a reforma da saúde que seja tão inclusiva como for possível, com o acesso total para toda a comunidade latina, inclusive os imigrantes".
A população de imigrantes é uma comunidade crescente e é importante como os incorporamos nas questões públicas, especialmente quando o assunto tem a ver com saúde", disse Jennifer.
Ela assinalou que quatro milhões de crianças, que são cidadãos americanos, vivem em lares com pais sem documentos, por todo o país. Muitas destas famílias não tem cobertura de seguro médico, apontou.
"Nós acreditamos que todos devem compartilhar a responsabilidade para corrigir os problemas que nosso sistema de saúde atual tem. Os imigrantes pagam impostos e ajudam a economia e, como todos, devem ter acesso à cobertura de saúde exequível", disse.
Ela disse que era ruim que os que se opõem à reforma no sistema de saúde estão usando tudo que podem, inclusive em prejuízo aos imigrantes, para parar o debate e pressionar os congressistas.
"Nós sentimos que é importante prover seguro de saúde para todos os trabalhadores americanos. O debate sobre o sistema de saúde deve animar um diálogo produtivo e construtivo nesta discussão", disse ela.
Os imigrantes são parte dessa luta, como todos os demais, afirmou.
Sob as leis federais atuais, os imigrantes sem documentos tem direito somente a serviços médicos de urgência, embora em alguns estados seja oferecida cobertura para as crianças desses imigrantes. Muitos argumentam que este é um problema crescente, que obriga a muitos imigrantes a esperar até o último momento para receber tratamento de urgência.
Alguns imigrantes se vem obrigados a usar números de Seguro Social roubados, que compraram no mercado negro, para poder utilizar os programas de saúde. Outros tem de pagar pelos tratamentos com dinheiro vivo, coisa que está se tornando um problema devido à crise do capitalismo, na qual dificilmente se encontra emprego.
Se as comunidades como as dos imigrantes não são tratadas contra doenças contagiosas, todas as pessoas de uma área serão expostas ao perigo da contaminação, dizem os ativistas.
A maioria das organizações latinas apoiam muito a administração de Obama, e sentem que está em um bom caminho, dirigindo-se às questões importantes, como a economia e a saúde. Muitos tem a esperança de que a política de Obama avançará a luta pelos direitos dos imigrantes melhor que o que fez a administração anterior.
Sánchez notou que 67% da comunidade latina votou em Obama nas eleições presidenciais de 2008 e que esta administração tem de levar em consideração que a reforma migratória é de grande preocupação para os latinos que o apoiaram.
O presidente Obama disse a jornalistas durante recém visita ao México que seu governo está planejando fazer uma reforma integral do sistema migratório este ano, nas que não há muita probabilidade de nenhuma ação legislativa antes de 2010, devido a "outras questões importantes e urgentes", como a saúde, a energia e a regulação das entidades financeiras.
Não obstante, Obama diz que tem de haver um caminho para a cidadania para os milhões de imigrantes sem documentos que vivem nos EUA, e que o sistema tem de ser reformado para evitar tensões com o México.
"Sem uma reforma, os mexicanos continuarão cruzando a fronteira de forma perigosa e as empresas continuarão a explorá-los", disse o presidente.
"Podemos criar um sistema o qual atenda aqueles que tem desejo de vir para cá, mas temos que dar oportunidade para os que já estão nos Estados Unidos possam ter um meio de acessar a cidadania, para que não tenham de viver na clandestinidade", disse Obama.
Ele agregou que isso "não será fácil" de fazer.
Fonte: People's Weekly World