Indignado com 'falsa denúncia', Sarney chama Estadão de nazista
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou indignado com uma "falsa denúncia" feita pelo jornal O Estado de S. Paulo e subiu à tribuna nesta segunda-feira (17) para acusar o jornal que o denunciou. Ele disse estar sendo vítima de um processo "nazista" com o único objetivo de denegrir a sua imagem.
Publicado 17/08/2009 17:55
Segundo o jornal, a empreiteira Aracati Construções, Assessoria e Consultoria Ltda, teria comprado há três anos dois imóveis em São Paulo para uso da família do presidente do Senado. Em um dos imóveis, de acordo com a reportagem, moraria um neto do peemedebista, enquanto o outro seria utilizado para abrigar assessores e convidados dos Sarney, mas também hospeda a família. O jornal sugere que a empreiteira teria comprado os apartamentos para a família Sarney em troca de ser beneficiada em contratos de serviços no ramo de energia.
Segundo Sarney, um dos apartamentos citados pelo jornal foi comprado em 1977 para seus filhos que estudavam em São Paulo morarem. Sarney afirmou que o outro imóvel citado pela matéria foi adquirido por outro filho para os netos estudarem em São Paulo e morarem junto com os primos. A aquisição consta do comprovante de imposto de renda do filho de Sarney. O senador esclareceu que os apartamentos não estão em nome do filho pois ainda não foram quitados. "A escritura não foi passada [para o empresário Fernando Sarney, um de seus filhos] porque ainda não foi concluído o pagamento, mas já está no imposto de renda", afirmou Sarney.
"É de uma irresponsabilidade de tamanha grandeza que eu não possa acreditar que o jornal publica: empreiteira pagou dois imóveis para família Sarney em são Paulo. Ele vem se empenhando numa campanha sistemática contra mim, se empenhando numa pratica nazista de acabar com as pessoas, denegrir com suas honras, até levar os judeus a uma câmara de gás. Este tem sido o comportamento do Estado de S.Paulo", disse Sarney.
Ainda sobre o jornal, Sarney disse que "o Estado de S. Paulo transformou-se num jornal, que na verdade, passou a ser em vez de um jornal lido, respeitado, passou a ser um tablóide londrino daqueles que busca escândalo para vender. Minha impressão é de que vejo um velho de fraque e de brincos”, afirmou.
"É com grande tristeza que vejo O Estado de S. Paulo hoje, depois decadência financeira que o levou a terceirizar sua adminsitração, terceirizar agora sua redação, sua consciência e responsabilidade", complementou Sarney.
Além de criticar o jornal, Sarney se mostrou indignado com senadores que, em entrevistas, defenderam que o peemedebista se explicasse em relação à denúncia ligando o nome de sua família à empreiteiras. "Alguns colegas meus foram muito apressados, não procuram nem saber do que se tratava", criticou. O senador considerou que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), foi precipitado ao afirmar que a denúncia exige investigações. O mesmo disse em relação ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e em relação ao deputado Walter Pereira (PMDB-MS).
"Cabe na cabeça de alguém que uma notícia de jornal vai instaurar uma investigação, mas o que tem isso com o Senado? É por isso a minha indignação, parece o livro de Kafka, 'o processo' (…) é esse um processo kafkiano. Meu Deus, eu devo dar explicações sobre compra ou uso. Os senhores são obrigados a isso", disse.
"A Constituição, no seu artigo 5, diz que se tem direito a privacidade, é garantia constitucional. Este País rasga a constituição. Não temos lei de imprensa, não temos direito a resposta, o que vamos fazer? ", questionou.
O presidente do Senado ainda se irritou ao falar sobre um parlamentar que criticou o fato de ele ir a São Paulo e se hospedar no tal apartamento, quando ele teria direito a utilizar verba do Senado para ficar em um hotel. "Devia ser uma atitude louvável porque se está economizando dinheiro, mas então se pede uma investigação", disse.
"Me cobram que eu me explique porque me hospedei lá e não fui para um hotel. Assim, peço a meus colegas, pelo menos, que reflitam sobre sua responsabilidade e não procurem fazer isso. Só venho falar nesta Casa por causa disso. (…) Eu tenho que vir aqui para dizer porquê me hospedei no apartamento do meu filho e não fui para um hotel porque isso é falta grave, é quebra de decoro. Perdoe-me a Casa pela minha indignação, tenho ficado calado, Deus sabe o que tenho sofrido, mas não posso ouvir isso e ficar calado, não por mim, mas pelos meus colegas e pelo Senado", disse.
Da redação,
com agências