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Paradigmas neoliberais eram falsos, reafirma Renato Rabelo

No último dia do Encontro Nacional Sindical do PCdoB, o destaque esteve com o presidente do partido, Renato Rabelo. Ele reforçou a necessidade de se estudar e se discutir o Programa Socialista durante todo o processo do 12º Congresso. E reforçou: “a crise revelou que os paradigmas neoliberais eram falsos e essa constatação abre caminho para apresentarmos um projeto nacional de desenvolvimento mais conseqüente e mais profundo, de caráter anti-imperialista, antifinanceiro e antilatifundiário”.

Renato Rabelo - encontro sindical - agosto 2009

Renato Rabelo procurou ressaltar a importância dos trabalhadores e dos sindicalistas na construção de um novo momento histórico na trajetória brasileira. Lembrou que o partido busca discutir a construção de um novo projeto nacional de desenvolvimento como caminho para a construção do socialismo, etapa de um novo salto civilizacional. No Brasil, os dois primeiros ciclos civilizacionais visualizado nas teses do PCdoB são a formação do povo, da nação e do Estado brasileiros – marcados pela unidade de diferentes etnias – e a implantação do Estado nacional-desenvolvimentista por Getúlio Vargas a partir dos anos 1930. “O povo brasileiro se mostrou capaz construir uma cultura com a qual se identifica. Este é um êxito importante de nossos antepassados”, enfatizou.

“Levando em conta esses dois ciclos civilizacionais, coloca-se agora a necessidade de darmos um passo adiante: criar condições para a construção do socialismo. O Programa tenta responder a esse desafio e nós e, bem como as próximas gerações, temos de enfrentá-lo”, disse o dirigente. Segundo ele, “a transição ao socialismo é estratégica porque somente uma transição como essa pode garantir progresso social e soberania. O programa tem um rumo (o socialismo) e um caminho (o projeto nacional de desenvolvimento) – e nenhum partido no Brasil apresenta algo com essas características”.

Renato Rabelo contextualizou a realidade brasileira lembrando que depois de Vargas, “houve um esgotamento do projeto nacional desenvolvimentista, sem nada que o substituísse”. Particularmente após os anos 1980, a situação piorou. “Apenas a partir do segundo mandato do presidente Lula conseguimos abrir caminho para um novo projeto. Ficou clara, em seu governo, a escolha pela soberania, por maior democratização, por conquistas sociais e pela integração com a América Latina”. Mas, alertou, “há ainda muitas limitações”.

O presidente do PCdoB criticou especialmente o poder das finanças nos rumos da economia. “O governo Lula ainda é marcado por dualidades e deficiências. Poderia estar em outro patamar, mas mudar essa situação depende da luta política, do enfrentamento da oligarquia financeira, responsável por nossas principais debilidades. Mas a crise certamente abre novas perspectivas, abre a possibilidade de mostrarmos que a solução está no socialismo”.
O novo projeto nacional de desenvolvimento defendido pelo PCdoB deve, conforme salientou Rabelo, ter ao menos três características. A primeira, “forjar uma nação com identidade própria, soberana e independente e, neste sentido, é preciso que se aumentem os investimentos na defesa de nosso território para que se possa dissuadir as tentativas de ocupação do país”.

O segundo item é a democratização do Estado brasileiro, marcado hoje por suas raízes antidemocráticas e conservadoras. “Para isso, a reforma política é fundamental. Temos de mudar o sistema porque hoje se vota em pessoas, não em partidos. São eleitos parlamentares que se colocam à frente de suas legendas, que defendem seus próprios interesses”. Ele voltou a defender o financiamento público de campanha e as listas pré-ordenadas “com candidatos que defendam o programa de seu partido porque hoje os partidos são meras exigências legais para se disputar uma eleição”.

Por fim, Renato Rabelo destacou o papel da economia. “Precisamos de um desenvolvimento forte e continuado. De acordo com a Cepal, seria necessária uma taxa de investimento de 25% durante um período longo para que atinjamos crescimento de 8% ao ano. A saída é fortalecer a estrutura estatal, que precisa ser a força de vanguarda nesse processo”.

De São Paulo,
Priscila Lobregatte