Trabalhadores colombianos convocam marcha contra acordo militar

A marcha que o movimento sindical colombiano em repúdio ao acordo militar colombiano-estadunidense se soma a uma série de protestos populares contra as políticas econômicas e sociais do Executivo.

Julio Roberto Gómez - Divulgação

O secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores da Colômbia, Julio Roberto Gómez, deu detalhes da marcha. (Foto: Arquivo TeleSUR)

Enquanto isso, governos da América Latina sustentam que este convênio pode afetar a paz regional.

"O restabelecimento e a continuidade de bases militares nos coloca de costas à nossa situação geopolítica na América Latina e o Caribe."

Os sindicatos colombianos, em repúdio ao acordo militar que Bogotá fechou com os Estados Unidos (EUA) e que permitirá o uso de bases colombianas por parte de tropas do país norte-americano, convocaram para o próximo 7 de setembro uma mobilização para condenar este pacto.

Durante a abertura da chamada Cúpula Social e Política 2009, que se realiza em uma universidade religiosa de Bogotá, a convocatória veio a público. Neste evento participaram cerca de 1.500 representantes de organizações não-governamentais (ONG) colombianas.

“O restabelecimento e a continuidade de bases militares nos coloca de costas a nossa situação geopolítica na América Latina e o Caribe”, considerou o secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), Julio Roberto Gómez.

Gómez informou que a iniciativa de realizar a mobilização partiu da Central Unitária de Trabalhadores da Colômbia (CUT, a maior do país) e foi acolhida de imediato pela CGT.

“Parece-nos que é uma boa proposta fazer uma mobilização contra o estabelecimento de bases militares na Colômbia dos Estados Unidos ou de qualquer outro país”, agregou Gómez.

Precisou que a jornada também está respaldada pela outra grande central operária do país, a Confederação de Trabalhadores da Colômbia (CTC).

Os grupos sindicais têm como objetivo lograr “uma mobilização do conjunto da população”, e assim, levar a cabo “marchas nas principais cidades do país” que permitam aos colombianos manifestar-se contra o convênio.

A conferência, que terminará no próximo sábado, foi convocada para elaborar uma agenda de país sobre os principais problemas da Colômbia, entre eles o conflito armado e sua solução.

No dia 14 de agosto, o governo da Colômbia informou a culminação das negociações para o uso de sete de suas bases por parte de militares estadunidenses, como parte de um Acordo de cooperação destinado, supostamente, a luta “contra o narcotráfico e o terrorismo” e que gerou grande preocupação nos países da região.

Repúdio regional

Um dos países que mostrou sua preocupação ante o citado Acordo de segurança é a Venezuela, que alertou sobre “os ventos de guerra que começam a soprar na região” a partir da instalação das bases.

Entre as razões que prestou a Venezuela para se opor à instalação de tropas e equipes militares estadunidenses nas bases colombianas, é a violação do espaço aéreo de sua nação e as tarefas de espionagem que poderiam se realizar, e que colocariam o país em um estado de vulnerabilidade.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, enfatizou que os Estados Unidos (EUA) será o que toma o mando das ações militares na Colômbia, e que nem mesmo Uribe poderia as controlar, inclusive aquelas que são executadas com o mesmo Exército colombiano.

“Se está formando um quadro severo de ameaças contra a Venezuela a partir da Colômbia, com a participação do alto governo e dos militares”, denunciou Chávez. Por sua parte, o presidente boliviano, Evo Morales, afirmou que os EUA querem usar bases militares na Colômbia contra os “processos revolucionários que se gestam na América” e não para combater às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) ou ao narcotráfico, como tem pretendido se fazer entender.

O presidente do Equador, Rafael Correa, qualificou como um perigo e uma preocupação para a região a presença de militares estadunidenses nas bases da Colômbia pelo que sugeriu tratar este tema na reunião de ministros de Relações Exteriores da Unasul, que se realizou em Quito.

A respeito, o primeiro mandatário do Equador indicou que seu país é um dos que mais sofre as consequências de um problema que não é deles, compartir fronteira com uma nação “que sangra em uma guerra civil de quase 50 anos, sete anos de fumigações, bombardeios e 300 mil deslocados”.

Segundo o novo convênio militar entre a Colômbia e os EUA, duas bases do Exército Nacional e duas da Armada, se somam às três da Força Aérea, nas que já se sabia que iria haver operação de militares dos Estados Unidos, desta maneira, as bases de Cartagena, Larandia (Caquetá), Tolemaida (Cundinarca), Málaga, no Pacífico são as novas que se somam a Apiay (Meta), Palanquero (Cundinamarca) e Malambo (Atlântico).

TeleSUR