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Investigação sobre o gênero de velocista revolta sul-africanos

Para muitos sul-africanos, o bafafá internacional sobre o caso de Caster Semenya ser muito masculina para competir na corrida feminina tem sido uma afronta para todos, como se um mundo insensível quisesse espiar dentro da calça dela para avaliar o que vê.

Alguns comentaristas acharam o assunto tão assombroso que compararam o caso de Semenya com o de Saartjie Baartman, mulher africana levada para a Europa no século 19 e exibida como uma aberração sob o nome de Hottentot Venus.

Semenya voltou de Berlim para sua casa na última terça-feira (25). Na capital alemã, ela tinha vencido a corrida mundial de 800 metros, na última quarta-feira.

A vitória veio apenas algumas horas após oficiais da corrida internacional dizer que Semenya, uma garota musculosa com a voz rouca de 18 anos, precisava passar por um exame de avaliação de sexualidade para confirmar sua elegibilidade.

Desde então, ela se tornou uma heroína nacional e sua história — o conto de uma pobre garota de uma vila remota — uma fonte de inspiração.

Mais de mil pessoas a cumprimentaram no principal aeroporto de Johanesburgo. Muitos carregavam cartazes com escritos: “nossa garota de ouro” ou “simplesmente a mulher”.

Enquanto a multidão esperava, cantava músicas de libertação de forças e dançava ao som de tambores.

Horas depois, um grupo de dez motocicletas levou a equipe de atletismo à casa de convidados presidencial, em Pretoria.

Semenya, em trajes de corrida com sua medalha de ouro pendurada no pescoço, andou ao lado de Jacob Zuma, presidente do país, para enfrentar a mídia.

A corredora não tinha nada a dizer, deixando seus comentários à corrida que ganhou:

“Eu consegui a liderança nos 400 metros e acabei com eles, eles não conseguiram acompanhar. Eu comemorei os últimos 200 metros porque eu sabia, cara”.

Zuma, falando para uma nação ofendida, foi mais ousado em sua fala.

Ele disse que o governo havia escrito à Associação de Federações Atléticas Internacional (IAAF, sigla em inglês), corpo governante da corrida mundial, “expressando nossa decepção” com a forma com que o assunto foi tratado.

O anonimato geralmente é dado durante a investigação da IAAF. “Uma coisa é averiguar se um atleta possui ou não vantagens injustas sobre os concorrentes”, disse Zuma.

“Mas é algo totalmente diferente humilhar publicamente uma atleta honesta, profissional e competente”.

Lamine Diack, presidente da IAAF, admitiu que a confidencialidade foi violada chamando o fato de “lamentável” e pediu um inquérito. Mas sua admissão não acabou com a ofensa.

Com informações do Blog O Outro Lado da Notícia