Sem categoria

2ª fase das buscas no Araguaia não encontra restos

O grupo de trabalho criado pelo Ministério da Defesa para localizar e resgatar os restos mortais dos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia encerrou neste seábado (29) a segunda fase das escavações. Mais uma vez as buscas não localizaram restos de guerrilheiros.

Os combates entre opositores do regime militar, liderados pelo PCdoB, e tropas do Exército, estendeu-se entre 1972 e 1975, nas selvas do sul do Pará. A primeira fase das escavações foi encerrada no último dia 17, também sem sucesso.

Os encarregados da busca começaram os trabalhos no último domingo (23), rastreando com radar e escavando três diferentes áreas do sul do Pará: uma área pertencente à Reserva Indígena Sororó, em São Geraldo do Araguaia (PA); em um ponto conhecido como Complexo Matrinxã e em Dois Coqueiros, ambas também no sul do Pará.

Desde o início dos trabalhos de campo, o Grupo de Trabalho Tocantins selecionou dez de 17 pontos indicados pelo Ministério da Defesa de indícios consistentes da presença de restos mortais.

Essas 17 áreas haviam sido identificadas com base em relatórios da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, além de livros sobre o tema, documentos governamentais e indicações de pessoas que presenciaram as mortes e a ocultação dos corpos e que, hoje, servem voluntariamente como guias do grupo.

“Dos dez locais, em seis já foram realizados trabalhos de campo e escavações, mas não obtivemos sucesso em nenhum desses pontos”, informou o tenente-coronel Amauri Silvestre, do Centro de Comunicação Social do Exército, sem descartar a hipótese de novas buscas em alguns dos pontos já vistoriados.

“Se forem apresentados novos dados consistentes, estas informações serão apresentadas ao grupo de trabalho, que irá analisá-las, podendo voltar a fazer o reconhecimento da área. Se com o auxílio dos técnicos se chegar a conclusão de viabilidade [de encontrar algo], existe a possibilidade [do grupo retomar as buscas nos locais já inspecionados]”, declarou o militar.

A terceira fase das escavações terá início no próximo dia 9, se estendendo até o dia 16 de setembro, concentrando-se nas proximidades de São Geraldo do Araguaia (PA). A portaria ministerial que criou o grupo prevê que os trabalhos de busca se encerrem em abril de 2010, mas devido ao início do período de chuvas na região, os militares planejam encerrar as escavações, ou ao menos suspendê-las, já no final de outubro deste ano.

“Nada impede que passado o período de chuvas, o grupo retorne com outras providências”, disse o tenente-coronel Amauri.

O grupo de trabalho é composto por militares, antropólogos, geólogos, médicos legistas e observadores nomeados pelo Ministério da Defesa, entre eles o jornalista Hugo Studart, autor do livro A Lei da Selva, sobre a Guerrilha do Araguaia, e o ex-deputado constituinte Aldo Arantes (PCdoB-GO).

Indicado por seu partido para participar da busca, Arantes tem insistido na necessidade de se ouvir os militares que participaram da repressão à guerrilha, em especial na fase final, onde teria acontecido a "Operação Limpeza".

“Ex-mateiros nos ajudaram a identificar alguns pontos [que ainda serão escavados em busca de ossadas ou restos mortais], mas eu considero indispensável que os militares que participaram da reta final sejam ouvidos pois são essas pessoas que efetivamente sabem onde estão os restos mortais dos guerrilheiros. Além deles, ninguém mais tem a certeza de como se deu a campanha”, declarou Arantes à Agência Brasil.

“Não me cabe discutir de que forma isso [a busca das informações junto aos militares] será feito, mas acho que é imprescindível tomar as medidas que forem necessárias para que estas informações sejam obtidas. Se esses militares não forem ouvidos, vai ficar difícil, senão impossível, chegar a um resultado que atenda às aspirações dos parentes dos mortos e desaparecidos”, concluiu o Arantes.

Com informações da Agência Brasil