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Sarney diz estar "pagando um pouco" por apoiar Lula e Dilma

No que depender da força política que exerce no PMDB, o presidente do Senado, José Sarney (AP), fará de tudo para que o partido consolide a aliança com o PT para a eleição da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff em 2010, pois o governo Lula "está dando certo". Em entrevista à TV Brasil, ele disse que está "pagando um pouco" – com a crise do Senado – justamente por ter feito esta escolha.

“Se depender de mim [Dilma terá o apoio do partido] e eu estou pagando um pouco por isso, justamente porque eu defendo que a melhor solução para o PMDB é acompanhar o acordo que tem com o presidente Lula e acompanhá-lo na sucessão para dar prosseguimento ao que ele está fazendo.”

Sarney evitou comentar sobre os potenciais candidatos presidenciais que já têm os nomes divulgados pela imprensa. Especificamente sobre Dilma Rousseff, no entanto, ele disse que a ministra representa “a continuidade do governo Lula” e, na medida em que as ações implementadas "estão dando certo" se faz necessário prosseguir.

"Esperei a avalanche passar"

Sarney afirmou também que sua aliança com Lula não interfere na forma como conduz o Senado Federal. A entrevista vai ao ar nesta quarta-feira (2), às 22 horas, no programa 3 a 1.

O presidente do Senado analisou na entrevista que parte da crise enfrentada pela Casa e por ele próprio, com "uma avalanche" de denúncias, deve-se justamente ao apoio à continuidade das políticas implementadas nos oito anos de governo petista.

"Fui submetido a um linchamento e não tive o direito de me defender. Foi uma avalanche. A solução foi esperar a avalanche passar", disse na entrevista.

Sarney reafirma que não queria ser presidente do Senado mais uma vez. Segundo o seu relato, em 1994 atendeu à solicitação da bancada. Na segunda vez, em 2003, atendeu ao pedido do presidente Luiz Inácio da Silva, que estava começando o governo.

"Agora [em 2009], eu não queria de jeito nenhum me meter nisso, mas sabe como é a pressão do partido. Me deram um argumento chave. Se eu não aceitasse, o partido não teria a presidência. Eu não poderia ser egoista", justificou.

Dificuldades da reforma política

“Confesso que sinto que estamos diminuindo muito de qualidade”, opinou o parlamentar. Mas para ele, a queda da qualidade dos políticos não de deve ao número de suplentes que hoje ocupam grande parte das 81 cadeiras no Senado.

O pano de fundo, na sua avaliação, é a falta de vontade que existe no Congresso de realizar a reforma política, assunto que sempre vem à tona nos momentos de crises do Executivo ou do Legislativo para logo ser esquecido.

“Os congressistas não fazem a reforma política porque cada um tem a ideia de que conseguiu para ser eleito dentro deste sistema e se mudar ele não consegue ser eleito. Então ele não muda, e o resultado é que continuamos dentro dessa realidade”, analisou.

Lula é o "ponto de coesão"

Sarney ressaltou que o país se sustenta na pessoa do presidente da República. “Ele é o ponto de coesão nacional porque as instituições estão em frangalhos, inteiramente dissociáveis. No dia em que nós tivermos um presidente que for 'tantan', aí isso aqui vira uma bagunça que não tem tamanho.”

Ele ressaltou que a degradação dos Três Poderes ocorre há tempos, entretanto, disse que a capacidade de lidar com as crises dos presidentes Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e de Lula foram fundamentais para aguentar as consequências do enfraquecimentos dessas instituições até o momento.

Com TV Brasil e Agência Brasil